quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Discurso de Allende no 11 de setembro de 1973

Não vou renunciar! Colocado nesta encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade do povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que foi plantada na consciência digna de milhares e milhares de chilenos não poderá ser ceifada definitivamente. Eles têm a força, poderão nos avassalar, porém não se detêm os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos.
...

Seguramente a Rádio Magallanes será calada e o metal tranqüilo de minha voz não chegará mais a vocês. Não importa. Seguirão me ouvindo. (...) Sigam sabendo vocês que, muito mais cedo do que tarde, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

Este são trechos do último discurso proferido pelo Presidente do Chile, Salvador Allende, por volta das 9:12 horas do dia 11 de setembro de 1973 na Rádio Magallanes, sob ruídos de aviões e disparos, diretamente do Palácio de La Moneda, que algumas horas depois seria pesadamente bombardeado, consumando o golpe militar dirigido por Pinochet com apoio dos EUA.

Para ouvir o último discurso de Salvador Allende, clicar aqui.

Na era 11 de setembro

Em 1973, num 11 de setembro trágico para os destinos do povo chileno e da nação latino-americana, se consumou o golpe de Estado do General Pinochet apoiado pela CIA e pelo governo dos Estados Unidos contra o governo socialista de Salvador Allende, que havia sido eleito democraticamente em 1970.

Para a mídia conservadora internacional, apesar disso, o 11 de setembro alude exclusivamente às torres do World Trade Center. Para a consciência histórica, contudo, os 11 de setembro de 1973 e de 2001 são dois lados da mesma terrível condição de domínio imperial que terá fim.

As sanguinárias ditaduras implantadas na América do Sul pelos Estados Unidos nos anos 1960 e 1970 foram as filhas primogênitas dos governos de Washington. Saddam, Noriega, Bin Laden e os Talibãs são seus irmãos mais novos, nascidos nos anos 1980 e 1990 para os interesses de distinta geografia e geopolítica.


Na era pós-11 de setembro

O 11 de setembro será sempre lembrado como uma data delimitadora dos tempos modernos. A cronologia da história cristã contemporânea, que antes se definia como Antes de Cristo [AC] e Depois de Cristo [DC], desde 2001 passou a classificar temporalmente a existência moderna como Before-Eleven [i] e After-Eleven [ii]. Escrito e pronunciado assim mesmo, na “língua pátria” do planeta. Termos que, em tradução livre e não-literal, seriam sinônimos de Nos Tempos de torres no céu [i] e Nos Tempos de torres no chão [ii].

Enquanto os Estados Unidos fazem da auto-vitimização o salvo-conduto para agirem como agem, o mundo fica cada vez pior, mais violento, menos democrático e mais unipolar. Os ataques horrorosos e estúpidos da Al Quaeda em 11 de setembro de 2001, que culminaram com a destruição das torres gêmeas e as mortes inaceitáveis de quase cinco mil civis dos Estados Unidos, foram o álibi que o governo imperial de George Bush ansiava para empreender a onda militarista e policialesca vigente no mundo.


Além de Bush, a lógica neoliberal se comprazia com a descoberta de um vetor [no caso, a guerra] que pudesse empinar a locomotiva da economia mundial em momento de crise e estagnação. Como declarava o Diretor Gerente do FMI, Horst Koehler nas semanas que antecediam o início das operações no Iraque à revelia da deliberação da ONU e do sentimento dos povos de todo o mundo, “uma guerra rápida contra o Iraque será benéfica para os mercados”.


A cruzada dos Estados Unidos nesta “missão” auto-proclamada a favor da civilização e da democracia, contra o “Eixo do Mal” e contra o terrorismo, empreendida a partir do After-Eleven, se ampara num doutrinarismo, obscurantismo e sectarismo próprios dos cinzentos tempos medievais. Que é consentâneo, porém, do retrocesso do conserto entre as Nações, do reacionarismo do Vaticano em fase Opus Dei, da xenofobia européia, do totalitarismo midiático, das guerras de dominação, das guerras de conquista e de mercados supremos e superiores às democracias nacionais.


O mundo só piorou depois de 11 de setembro de 2001. É mais violência, repressão, insegurança e guerras. Aí estão Palestina, Kosovo, Afeganistão, Paquistão, Iraque e todas as demais frentes de batalha – militar, comercial ou econômica – mantidas pelos governos estadudinenses. E, se depender das correntes reacionárias da política dominante naquele país, o mundo continuará piorando.


O 11 de setembro, a Al Quaeda, Saddam Hussein, Talibãs, Guantánamo, Abu Ghraib, mercenários, ditadores e outros gêneros da sordidez e do banditismo internacional são parte da cultura imperialista dos Estados Unidos, e não a sua oposição. São faces da mesma moeda. Estes gêneros todos são criações e conseqüências do Império. Exatamente nesta ordem: primeiro são criados e inventados para determinados fins e interesses; depois, se tornam incômodos, quando não conseqüências trágicas ao próprio Império.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Muitos Caminhos, uma estrela: Memórias de militantes do PT

Amanhã, 09/09, às 19 horas, em cerimônia da qual participam Flávio Koutzzi, Olívio Dutra e Raul Pont, acontece o lançamento no Rio Grande do Sul do livro “Muitos Caminhos, uma estrela: Memórias de Militantes do PT”. O livro, organizado pelos professores Alexandre Fortes (UFRRJ) e Marieta de Moraes Ferreira (UFRJ e CPDOC/FGV), é o primeiro resultado público do Projeto de História Oral do Partido dos Trabalhadores, uma parceria do Centro Sérgio Buarque de Holanda – Documentação e Memória Política da Fundação Perseu Abramo com o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas (CPDOC/FGV).
O evento acontece no Sindicato dos Bancários, na Rua da Ladeira, 324.

domingo, 7 de setembro de 2008

Las malas palabras

Las malas palabras, por Roberto Fontanarrosa, “El Negro”: