Ouvindo-a a pouco no programa Atualidade da Rádio Gaúcha, me inclino a crer que a governadora não pode ser observada e “escutada” estritamente desde a perspectiva da política. Ela é oceânica na produção de sinais e sintomas que fazem-na freqüentar o ambiente interpretativo da psicanálise e psiquiatria. Seria como estar-se frente a um “caso psiquiátrico”, com todos os traços característicos de esquizofrenia – com todo o respeito e solidariedade às pessoas portadoras desse sofrimento psíquico.
Alguém que sofresse a derrota contundente como a que ela sofreu ontem na Assembléia Legislativa, trataria de postar-se com humildade, respeito e disposição ao diálogo. Alguém sim, mas não Yeda, a governadora. Ela fala e observa os fatos desde um lugar sui generis, e a partir daí se concede o direito de, com a máxima soberba, fazer extrapolações que seriam consideradas perigosas e imprudentes por pessoas centradas.
No que depender da verve da governadora, a auto-proclamada “heroína gaúcha Anita Garibaldi do século
1] com sua voz habitualmente em tom odioso contra parlamentares e partidos de oposição e a todos aqueles que dela discordam, se disse surpresa com a “atitude” da Assembléia Legislativa de votar ontem mesmo o pacote. A oposição [PT, PCdoB, PSB e PDT] tem somente 18 votos, e a derrota sofrida contou com pelo menos 16 votos de parlamentares do DEM [do vice-governador], do PP, do PTB, do PPS e do PMDB [que ocupam várias Secretarias de Estado];
2] declara-se cumpridora tanto [1] do pacto pelo Rio Grande [sic], quanto [2] dos compromissos da campanha eleitoral [sic sic]. Quem não cumpriu sua parte foi a ALERGS, ao rejeitar as propostas que traduziam estes dois compromissos cumpridos.
3] entende que a derrota não é dela e do governo, mas sim daqueles que não aprovaram o pacote [sic]. Os que agiram contra – deputados, empresários, funcionários públicos e trabalhadores – são os principais derrotados, e têm a responsabilidade sobre a situação do Estado. Neste particular a governadora dá sinais de não ter sido a eleita!;
4] Yeda insiste em que está cumprindo as promessas de campanha;
5] se insurge ao que caracteriza como “ataque federal às instituições gaúchas”. Talvez neste momento o “espírito de Anita” tenha se apossado da governadora;
6] diz, em função do sentimento anterior, que “vamos a Brasília para dizer ‘não se metam aqui’ retornem um pouquinho do imposto que recolhem aqui”. De novo ela parece ter tido um súbito ataque farroupilha. Compreensível, hoje se comemora a Proclamação da República.
A nota oficial do governo gaúcho, publicada nos jornais de hoje, vai na mesma toada.
Fica a lembrança de que