quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Privilégio

Privilégio é o amanhecer de sol metalicamente dourado se esgueirando pela paisagem da bela e doce Porto Alegre, no dizer do Cheesta terra de belas e ardentes mulheres.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Não há direito quando causa a morte do outro

A greve de médicos na Paraíba ganhou contorno macabro e cruel com a morte da jovem de 28 anos Elisângela de Lurdes Nonato de Souza, ocorrida dois dias depois do criminoso cancelamento da cirurgia cardíaca que faria no SUS que estava agendada a três meses.
Não deve haver, para os humanistas, nenhum direito a greve que possa ter como resultante a morte de quem depende do cuidado do grevista e do serviço paralisado.
A greve da saúde na Paraíba, como em Alagoas, traz à mesa a exigência de realização de um debate público sobre uma questão que é mais que trabalhista; é ética. E que deve abranger também a discussão sobre outras áreas igualmente vitais, que não podem ficar sujeitas a uma visão deturpada de "realismo sindical". Greve não rima com morte!

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Elio Gaspari escreve sobre o assunto na FSP de hoje [ler o artigo "As greves de médicos beiram o crime" ...]

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Tortuosidades no caminho do PT em Porto Alegre

Nem são necessárias muitas pesquisas para constatar-se que a Administração Fogaça em Porto Alegre é um retumbante fracasso. Uma Administração fraca, que porém se ampara nos próprios mitos de manter mudanças com ampliação de conquistas. Um governo que rasgou a principal bandeira prometida na campanha eleitoral, a área de saúde - vide ratos no HPS, demissões das equipes de saúde de família, colapso da rede de atendimento, etc. E que vem espezinhando no funcionalismo, depois de ter prometido o nirvana, a despartidarização, a recomposição salarial e outras balelas demagógicas.

Diagnosticar a palidez do governo Fogaça e a partir disso intuir automaticamente que o PT tem as principais chances de retornar à prefeitura de Porto Alegre pode ser um veneno que o próprio PT estará se preparando. A faceirice de análise não produz vitória por antecipação, ainda que o entusiasmo com essa possibilidade seja equivalente à importância em se reconquistar Porto Alegre como parte do esforço de fortalecimento do que resta da esquerda do PT no país pós-Congresso que, ao que tudo indica, renovará o poder da velha maioria que causou o maior estrago da história do partido.

O caminho para o PT gaúcho atingir este objetivo é tortuoso e preocupante:

[i] terá de passar pelas prévias internas, um instituto que apesar de regimental, traz o temor de desgastar, dividir e sangrar o PT ao invés de fortalecê-lo e coesioná-lo para a luta eleitoral;

[ii] ao que tudo indica, o PCdoB terá mesmo a candidatura da Manuela com o apoio ao menos do PSB. Só em probabilidade estatística – seria quase como contrariar a lei da gravidade – a esquerda alçaria duas candidaturas ao segundo turno em Porto Alegre;

[iii] Manuela é a principal novidade política das eleições municipais, criando condições qualitativamente distintas na próxima disputa [que poderá acidentar as pretensões do PT];

[iv] o ilusionismo [ou camaleonismo e transformismo] da direita, que captura os elementos que constituem o programa do PT e mistifica a política é uma fórmula que vem dando certo do ponto de vista propagandístico e midiático;

[v] como as eleições municipais de 2004 nos principais centros urbanos gaúchos [Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Canoas] demonstraram, o PT deixou de ser o beneficiário automático das dificuldades, impasses e dilemas da classe dominante gaúcha. As eleições de Rigotto e Yeda também são expressão desse fenômeno. O PT deu motivos para isso, em grande medida devido aos descaminhos do partido nacionalmente;

[vi] no Rio Grande – e principalmente em Porto Alegre – o governo Lula e os erros cometidos pelo PT [que não fez o ajuste de contas internas e não fará no Congresso] repercutem com outra qualidade no imaginário social. O acidente do avião da TAM, cujos passageiros em sua maioria eram vinculados ao Estado e à capital, decodifica uma nova dimensão da repulsa ao PT. E potencializa um sentimento ainda mais odioso e irracional.

Mais que pesquisas, o PT precisa buscar novos referentes para construir a reconquista de Porto Alegre. Com força, renovação e sobretudo ouvidos e atenção.

Livre, leve, solto e bem aposentado

Ubirajara Macalão, diretor da Assembléia Legislativa gaúcha filiado ao PTB até ser recentemente expulso e que no cargo de Diretor de Serviços Administrativos desviou mais de 3,3 milhões de reais com a fraude dos selos [afora outras falcatruas com telefones, carros, serviços de limpeza, etc], foi solto da prisão temporária por determinação judicial.

Macalão, que não se chama Angélica Teodoro porque não é uma jovem mulher negra e pobre da periferia paulista e que não roubou um pote de margarina de valor de 3,2 reais, nem precisou de hábeas corpus para obter liberdade. Já a miserável Angélica só saiu do Cadeião Pinheiros depois de quatro meses de cana e de dois hábeas, sendo que o segundo impetrado no STF. [Ler sobre a sina da Angélica ...]

E, ao que tudo indica, Macalão terá outro privilégio: uma aposentadoria polpuda, calculada sobre o valor integral de 15 mil reais de salário de quem entrou no serviço público sem concurso, pela porta dos fundos, com salário merrequinho e que com “bons serviços”, regalias, privilégios e jeitinhos passou a receber salário nababesco.