terça-feira, 14 de agosto de 2007

Em busca da política

Cláudio Lembo
Aqui, as crises não merecem debates. Clama-se logo pela queda dos governantes. De pronto, soa a ordem de plantão permanente: Fora!
Um imediatismo pouco salutar. Pior ainda. Deforma as instituições. Fere a imagem dos mandatos eletivos. Nada constrói. Resulta apenas agressão aos princípios democráticos.
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A estratégia do sim, mas não

Atílio Boron
Sem dúvida o campeão desta estratégia do "sim, mas não", compartilhada pelos países do Mercosul, foi o governo Lula, o qual outrora foi a esperança de milhões dentro e fora do Brasil e hoje é mais uma decepção: sim ao Banco do Sul mas não à sua implementação; sim ao Gasoduto do Sul, mas não a sua construção; sim à Petrosul mas não ainda; sim à entrada da Venezuela no Mercosul mas aí temos um probleminha no Senado. Um Senado, convém recordar, que com ou sem as manobras não santas dos seus operadores políticos jamais foi obstáculo às decisões presidenciais.
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segunda-feira, 13 de agosto de 2007

As muitas facetas macabras do golpismo

O golpismo macabro não se contenta com o absoluto descrédito em que caiu o malfadado movimento “Cansei!”. Além de comparações sarcásticas como a feita pelo nada lulista Cláudio Lembo, que disse se tratar de um “movimento de dondocas enfadadas da vida enfadonha que levam”, o “Cansei!” também tem sido denunciado como iniciativa golpista da direita e da mídia inconformadas com o fato de Lula ser presidente do Brasil.

Por isso os golpistas contorcem-se para inventarem novas e novas formas de conquistar a simpatia popular. Mas tem sido difícil.

Neste último final de semana, por exemplo, foi lançado em Porto Alegre, no tradicional Brique do Parque da Redenção, o “Movimento Luto Brasil”, a versão gaúcha do “Cansei!” da elite paulista. Tal movimento surge com a indelével torpeza da direita: apócrifo, sem identificação de autoria, mas escorado no envolvimento genérico de familiares das vítimas ou de pessoas condoídas com a tragédia.

Também sob o pretexto da tragédia do avião da TAM e da suposta solidariedade com os familiares das vítimas, o punhado de manifestantes alardeava a defesa da mesma pauta lacerdista do “Cansei!”.

O manifesto distribuído pelos “enlutados” começa com o seguinte absurdo: “Bombas explodem pelo mundo, aviões explodem no Brasil. A insegurança é crescente entre nós. Os cidadãos têm medo de sair de casa, pois a morte espreita a todos. Em vez de podermos trabalhar, passear e amar tranquilamente, estamos sempre a espreita de que algo ruim possa acontecer. Pais não dormem enquanto seus filhos não chegam. Será que tudo isto é normal? Será que a normalidade do medo tornou-se algo natural?

Só esqueceram de culpabilizar o Lula pela crise das bolsas de valores no mundo e pela queda da ponte ocorrida nos Estados Unidos alguns dias atrás.

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Ainda que seja uma iniciativa de credibilidade zero e de autoria desconhecida, o jornal Zero Hora não perdeu a ocasião de repercutir a manifestação na edição de hoje, 13/08/2007.

E o fez com um “jornalismo” de técnica e ética duvidosas. Na página 28 do jornal, no corpo do obituário comentado e biografado que faz a cada leva de vítimas identificadas e enterradas, Zero Hora menciona o lançamento do “Movimento Luto Brasil”.

E ilustra a página com a maior fotografia de todo o obituário comentado. Uma fotografia, ao que se percebe, tirada de aparelho celular e não de câmera fotográfica profissional ou mesmo amadora de boa qualidade, como se recomendaria à cobertura fática dos acontecimentos. Tudo para garantir a divulgação do faccioso e inexistente.

É impressionante como a direita e sua mídia golpista conseguem fabricar clima de terror e pânico na sociedade para desestabilizar e derrubar governos. Nem Zé do Caixão faria tanto.