sábado, 21 de julho de 2007

Cumplicidade

Por Luis Fernando Veríssimo
Se esses dois exemplos ensinam alguma coisa é isto: antes de participar de um coro, veja quem estará do seu lado. No Brasil do Lula é grande a tentação de entrar no coro que vaia o presidente. Ao seu lado no coro poderá estar alguém que pensa como você, que também acha que Lula ainda não fez o que precisa fazer e que há muita mutreta a ser explicada e muita coisa a ser vaiada. Mas olhe os outros. Veja onde você está metido, com quem está fazendo coro, de quem está sendo cúmplice. A companhia do que há de mais preconceituoso e reacionário no país inibe qualquer crítica ao Lula, mesmo as que ele merece.

Enfim: antes de entrar num coro, olhe em volta.
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quinta-feira, 19 de julho de 2007

Filmes em Cartaz

Thales sugere algumas opções de filmes para as férias da gurizada. Confira: Transformers, Ratatouillle e Harry Potter e a Ordem da Fênix.

Harry, depois de suas férias, retorna à Escola de Magia de Hogrwords, onde luta contra o Lorde das Trevas Voldemort. Será que Harry Potter, Rony Weasley e Hermione Granger conseguirão detê-lo? Assista ao filme e descubra... [escrito por Thales]

Sanha condenatória

A despeito da habitual parcimônia em casos de acidentes aéreos [no Brasil e em qualquer parte do mundo], e a despeito de sinais preliminares de que poderá ter havido falha humana e/ou de equipamento no trágico vôo 3054 da TAM, mesmo assim a imprensa golpista e a direita brasileira se esbaldaram em condenar o governo pela tragédia.

Agiram acusando diretamente na cobertura dos jornais, rádios e tevês, nos saites e blógues, com matérias mentirosas, parciais, ilusoriamente “científicas” e “especializadas” e com charges macabras e coisas do gênero.

Também agiram [e agem] subliminarmente. O melhor exemplar desse ramo da turma é o governador José Serra, que diferentemente da atuação no acidente da cratera da Linha 4 do Metrô de São Paulo, quando literalmente sumiu do mapa, agora atua com desenvoltura e busca colher todos os dividendos políticos com a tragédia. Serra atuou como comentarista, especialista, porta-voz, investigador, interventor, socorrista e, principalmente: fonte para a imprensa golpista.

É claro que a inação do governo em quase um ano de desarranjo do sistema aéreo brasileiro colabora para a fácil associação que a direita tenta fazer com o acidente. A presença do deputado Júlio Redecker do PSDB/RS dentre as vítimas, colaborará para a maior politização do assunto.

É de se perguntar se não será esta tragédia, explorada criminosamente pela mídia golpista e direita brasileira, o primeiro fator a contribuir com a erosão da imagem do Lula e do seu governo, que resistiu a muitos escândalos e adversidades. É uma reflexão que fica pr’outra ocasião.

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Algumas pérolas publicadas:

- Emergência, o refúgio dos covardes, blógue do Marcelo Tas, a respeito do gabinete de crise do governo federal.

- Tragédia anunciada, a forma pasteurizada mais comum, aplicada em vários veículos

- Quando vai ser o próximo, Eliane Cantanhêde, FSP

- Uma dúvida para a Infraero esclarecer: a obra da pista já foi integralmente paga?, Fernando Rodrigues, FSP [pergunta-se: qual a pertinência da questão??]

- Brasil produz uma nova causa mortis: incompetência, Josias de Souza

- Governo é culpado por acidente, acusa Jungmann, no Terra Magazine

- O governo é culpado até prova em contrário, deputado, neofilósofo e neojurista Raul Jungmann

- 'Faltou boa vontade' com pista, diz especialista, James Rojas Waterhouse, professor do Departamento de Engenharia Aeronáutica da Universidade de São Paulo no Terra Magazine.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Quê diria Ratzinger?

A Igreja Católica em Los Angeles fez acordo com mais de 500 vítimas de abusos sexuais cometidos por padres daquela arquidiocese ao longo de pelo menos sete décadas. Dentre os indenizados têm até sessentões, que foram abusados lá pelos 1940.

Pelo acordo a Igreja Católica – a única verdadeiramente cristã, segundo o neomedieval Joseph Ratzinger – pagará uma indenização de mais de 1,2 bilhões de reais além dos 3 bilhões de reais já pagos recentemente na mesma rubrica.

O fato atiça uma curiosidade. É a seguinte: será que o neomedieval Ratzinger aceitaria o aborto caso uma jovem adolescente tivesse sido engravidada por um padre pedófilo? Ou, do contrário, aceitaria ele próprio batizar a criança na única verdadeiramente igreja de Cristo?

Lula e a sucessão

Jeferson Miola
As vaias compradas pelo reacionarismo carioca a preços substanciais – chegavam a valer R$ 200 para entrar no Maracanã – não atingem a popularidade de Lula que, segundo reiteradas pesquisas, segue forte como rochedo. Vaias compradas sequer medem popularidade, até porque no Rio Lula sempre ganhou do reacionarismo por goleada: nunca fez menos de 60% dos votos contra cerca de 30-40% dos tucanos e pefelentos [agora “os Demos”].

O que demonstra que o maior erro do estafe de Lula tenha sido o de desprezar este fato e induzi-lo a não fazer o pronunciamento de abertura oficial do Pan. Um erro que amplificou e superdimensionou o valor das vaias – compradas.

Bem, mas independente disso, as movimentações com vistas à sucessão do Lula prosseguem, tendo o próprio na testa da mesa de jogo. O projeto do Lula consiste no seguinte: fazer seu sucessor em 2010 – não necessariamente alguém do PT – que governaria por cinco anos sem direito à reeleição, o que viria como parte de um pacote político a ser aprovado no Congresso. E então Lula retornaria em 2015 para novo mandato até 2020. Se concluir o atual mandato nas condições de popularidade e identidade popular que ostenta hoje, se elegeria independentemente do desempenho do seu sucessor e teria um retorno épico ao estilo Getúlio Vargas e Juan Perón.

Ciro Gomes, que se mantém prudentemente reservado do ti-ti-ti político, sai da toca para os primeiros ensaios sobre a sucessão de Lula. Com consciência sobre o principal da disputa no Brasil, que é o aprofundamento da derrota do bloco reacionário tucano-pefelento [agora “os Demos”] e a interdição do projeto deles de retorno à Presidência da República, Ciro considera necessário “cimentar um projeto para o dia seguinte da saída do governo Lula”. Dizendo que “não aceita ser vetado” como eventual candidato presidencial da coalizão que sustenta o governo Lula, Ciro recomenda aos partidos da base de apoio “juízo político” nas escolhas que serão feitas. [Ler entrevista de Ciro ao Estadão]

Endossando as declarações de Ciro Gomes, o Ministro Luiz Dulci reconhece a naturalidade da postulação do Ciro e recusa a hipótese de veto: “Certamente não haverá veto, pelo contrário. Não é hora ainda de a coalizão escolher seu candidato. No momento oportuno, o nome de Ciro Gomes será considerado, com muito respeito e atenção, pela importância da liderança dele”. No melhor figurino mineiro, Dulci não perde a ocasião e elogia Ciro, dizendo que ele “é uma pessoa muito querida em todos os partidos da coalizão, inclusive dentro do PT”.

O certo é que Lula desde a vitória eleitoral do ano passado vem arquitetando a continuidade do projeto que inaugurou em 2003, situado acima e à parte do PT e da esquerda brasileira e que tem como centro de gravidade a imposição de uma derrota estratégica ao reacionarismo tucano-pefelento [agora “os Demos”].

Isso não é pouco, mas também não devia ser tudo. E tampouco é a única forma de se chegar aos mesmos fins. Mas em nome disso a esquerda – principalmente o PT - vem pagando um preço elevadíssimo, que poderá lhe custar uma derrota histórica e geracional – o que é outro papo proutra conversa.

Erosão do Império

É provavelmente no interior dos Estados Unidos que ressonam as vozes mais críticas à dominação imperial exercida pelo próprio país no mundo contemporâneo. Bem ilustram o fenômeno pessoas como Noam Chomsky, Danny Glover e Michel Moore.

O jornalista e escritor Cullen Murphy se integra a este time de celebridades com o livro “Are we Rome?” [Nós já somos Roma?], em que traça um paralelo entre os Impérios Romano e Estadunidense nas semelhanças e diferenças.

O autor destaca que certas características dos Estados Unidos - como a militarização excessiva, a expansão do domínio no mundo, a privatização de funções públicas, a “mentalidade que vê os EUA como o centro do sistema solar” e a arrogância – sinalizam o começo do fim da força imperial do país. Algo que não acontecerá, obviamente, depois de amanhã, mas que certamente acontecerá em tempos menores do que se imaginaria.

A Folha de São Paulo publicou entrevista com Cullen Murphy, na qual o autor expõe o conjunto de associações históricas e políticas que comprovam que os Estados Unidos se tornarão a Roma do século 21. Que seja em breve!