sexta-feira, 8 de junho de 2007

Xeque-Mate na Navalha, ou Navalha no Xeque-Mate

Outra ação da mais-republicana-que-nunca Polícia Federal, a operação Xeque-Mate, que desbarata quadrilhas de caça-níqueis e suas ramificações nas instituições, pode resultar na preservação de liberdade para criminosos e contraventores.

Expira hoje o prazo da prisão temporária, e provavelmente todos os detidos na Xeque-Mate terão o mesmo destino que as pessoas implicadas na operação Navalha: a soltura. Mesmo com a eventualidade de renovação da prisão temporária, os bacanas em breve estarão livres para continuarem comandando seus negócios, pois o Judiciário se esmera na valorização de filigranas jurídicas e formalidades kafkianas para soltar criminosos abastados e poderosos, mas não se esmera da mesma forma para fazer com que outras filigranas sejam aplicadas em nome da boa e justa Justiça.


Infelizmente o trabalho excepcional feito pela Polícia Federal não encontra no Poder Judiciário um ambiente republicano e renovado que faça a justiça valer para todos, não só para as “Angélicas”. A propósito, pode-se conhecer a sina da pobre e justiçada Angélica nas seguintes publicações do BiruTaDoSul:

A fé que move o povo

Aproximadamente 3 milhões de pessoas tomaram parte da 15ª Marcha para Jesus da Igreja Renascer em Cristo, ocorrida ontem em São Paulo. Na ocasião, Estevam Hernandes, que é fundador e “guia espiritual” da Renascer se manifestou num telão diretamente dos Estados Unidos [onde está em prisão domiciliar acusado de contrabando, conspiração e falso testemunho] dizendo que “O Brasil será o maior país evangélico do mundo, porque Deus determinou”.


Para comparação: na Missa do Campo de Marte, que foi o principal e maior evento da Igreja Católica durante a visita do Papa Bento XVI, participaram 800 mil pessoas. Atente-se ao fato de que a Igreja Católica contou com formidável cobertura de toda a mídia nacional e ampla cobertura da Rede Globo, que editorializou a visita do Papa como um acontecimento supremo para a vida terrena.


Em tempos de dispersão cultural e política, de descrença na política, nos políticos e nas instituições, de sublimação da auto-ajuda e do egoísmo como modos de vidas, a demonstração da Marcha para Jesus dá muito o que pensar.

Ignorar tal fenômeno a partir de uma visão reducionista de que a religião é o ópio do povo equivale a comprometer seriamente qualquer projeto transformador do neoliberalismo e do capitalismo.


Alguns dados:

- A campanha das Diretas Já mobilizou 1,5 milhões de pessoas na manifestação em São Paulo e 200 mil pessoas na manifestação em Porto Alegre em abril de 1984.

- 100 mil manifestantes acompanharam a votação do impeachment do Collor em frente ao Congresso Nacional em 29 de setembro de 1992.

- A maior manifestação de massas durante o Fora Collor reuniu aproximadamente 800 mil pessoas em São Paulo em setembro de 1992.

- O Brasil é, hoje, o maior país evangélico pentecostal, com 24 milhões de adeptos de igrejas como a Universal do Reino de Deus e Renascer em Cristo. Esta corrente acredita que Deus interfere na vida por meio de milagres.

- A maioria de adeptos dessas igrejas são pessoas simples e humildes que encontraram amparo e “cura” para problemas de alcoolismo, drogadição e prostituição.

- O termo evangélico é amplo e inclui também as igrejas protestantes históricas, surgidas durante a Reforma Protestante [século 16], como calvinistas, luteranos e metodistas. Essas denominações, hoje, são mais próximas aos católicos e não participaram da marcha.

Lula e a histeria em torno da RCTV

É do Presidente Lula uma das posições mais lúcidas e sóbrias a respeito da não-renovação da concessão da RCTV na Venezuela. A opinião de Lula, extraída de entrevista dada à FSP, serviria para pôr fim à histeria da direita contra o ato soberano do governo venezuelano, não fosse tal histeria um recurso da guerra ideológica para atingir o Presidente Chávez:


O mesmo Estado que dá uma concessão é o Estado que pode não dar a concessão. O Chávez teria praticado uma violência se tivesse, após o fracasso do golpe, feito a intervenção na televisão. Não fez. ...

O fato de ele não renovar a concessão é tão democrático quanto dar [a concessão]. Não sei porque a diferença entre dois atos democráticos. A diferença com o Brasil é que conseguimos colocar na Constituição que isso passa pelo Congresso. Não é uma decisão unilateral do presidente. Lá é. Faz parte da democracia deles.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

G8 cabe num sofá, mas os pobres não entram

Até 1998 o G8 era G7, quando incorporou a Rússia, atendendo a reiteradas súplicas de Boris Yeltsin neste sentido. Como se percebe, o G7 [criado nos anos 1970] era mais uma das invenções do imperialismo estadudinense durante a guerra fria, e congregava as principais potências capitalistas do mundo para se opor à URSS e ao bloco socialista.

Com o ingresso da Rússia depois do desmonoramento da URSS, este clube de ricaços chamado G8 [Grupo dos 8] é composto desde então pelos Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália, Japão, Alemanha, Canadá e a própria Rússia.

Nesses dias, o G8 está reunido na Alemanha, encapsulado num fantástico sistema de segurança, para poder atentar contra os interesses toda a humanidade. No artigo “Somos mas de Ocho”, Jorge Gómez Barata analisa a reunião do G8, em Rostock, na Alemanha, em que “os ricos cabem em um sofá, porém os pobres, que são mais que oito, não estão convidados.”.

Diante da obsolescência do sistema das Nações e dos instrumentos de pasteurização neoliberal como o FMI, Banco Mundial, OMC, etc, o mundo necessita reinventar novos centros de poder e de relações horizontais entre povos e nações, ao invés de cultuar os encontros de poderosos cada vez mais acuados pela reação social.

Palestina: sob 40 anos de barbárie israelense

El 5 de junio de 1967, hace 40 años exactos, Israel inició una agresión militar contra sus vecinos árabes, lo que a la postre se conocería como la Guerra de los seis días - nombrada así porque en ese breve periodo las tropas israelíes derrotaron a la alianza árabe -, que derivó en la ocupación de la Franja de Gaza, las alturas del Golán, Cisjordania y Jerusalén oriental, así como el desierto del Sinaí, devuelto a Egipto en 1982, como parte de los acuerdos de paz de Campo David.


La ocupación de estos territorios, mantenida hasta nuestros días por Israel, es una circunstancia contraria a la legalidad internacional que se ha traducido en una barbarie contra cientos de miles de palestinos: las estrategias de limpieza étnica seguidas por Israel en Al Qods y en extensas zonas occidentales de Cisjordania evocan las prácticas de exterminio que, en su momento, realizó Slobodan Milosevic en Bosnia y Kosovo.


Trechos do editorial de 05/06/2007 de um jornal que honra a responsabilidade pública de bem informar e preservar a memória, o LaJornada, do México. Para ler o editorial de LaJornada na íntegra é só acessar aqui.

Bush terá de pôr as barbas de molho

Apesar da indisfarçável torcida pela morte de Fidel, Bush e os poderes ocultos dos Estados Unidos terão de pôr as barbas de molho.

Desde ontem circula na internet em muitos saites e blógues informativos uma entrevista de quase uma hora concedida pelo presidente cubano à emissora de TV de Cuba. Percebe-se um Fidel recuperado, com elevado senso de humor, entusiasmado com a recuperação e com a possibilidade de continuar se devotando ao seu país e ao seu povo e, de quebra, muito bem informado sobre os acontecimentos da geopolítica internacional.


Enquanto Fidel se recuperava, o governo dos Estados Unidos juntamente com a máfia cubana por ele apoiada e conspiradores habituais arquitetavam os planos da invasão dos cubanos de Miami à ilha e a transição que imporiam ao país desde o lado externo das fronteiras da Ilha.

Em quase 50 anos de violenta afronta à soberania de Cuba, vários governos que se sucederam nos Estados Unidos - dos dois partidos: democratas e republicanos - planejam golpes e ações conspirativas sem êxito. Outra vez erraram.

ZH e suas barbaridades

A capa da ZH de hoje 06/06 se supera na apelação. Dificilmente seria batida nos quesitos sensacionalismo e facciosismo. A isso se denomina “liberdade de imprensa”. Liberdade, ok. Porém “imprensa”, necas de pitibiribas.

A manchete da capa, aqui reproduzida em minúsculo, do tamanho do jornalismo praticado: “Lula tem irmão indiciado e compadre preso pela PF”.

Yeda quer um mínimo minúsculo

O governo Yeda CrusiusCredo ataca em todas as frentes: desinveste nas políticas públicas, degrada a saúde e a educação, paralisa todos os investimentos, prorroga pedágios, mantém favores fiscais, privatiza o Banrisul, converte o Rio Grande em capitania hereditária do doutor Gerdau e inicia um penoso ciclo de desvalorização do salário mínimo regional.

Com o aumento de 5,98%, o salário mínimo do Rio Grande do Sul passa a ser dos mais baixos de todas as unidades da federação da região sul e sudeste. Quando foi criado no governo Olívio Dutra em 2001, o salário mínimo instituído aqui nos pampas era o mais alto do país.

A decisão do governo Yeda CrusiusCredo de comprimir o salário mínimo representa um retrocesso em relação aos avanços conquistados no governo da Frente Popular e vai na contramão do esforço do governo federal em distribuir renda e melhorar a qualidade de vida do povo gaúcho e brasileiro.

ZH poderia ter melhor inspiração na escolha da manchete para o dia. Conteúdo sério não falta.

terça-feira, 5 de junho de 2007

“diZerEs de camInHão” na vida real

Vem de Jean Scharlau [conheça-o aqui] o espiritualíssimo comentário sobre a primeira frase da seção “diZerEs de camInHão”, recém inaugurada nesse BiruTaDoSuL:

Em Sapucaia temos, eleitos vereadores e prefeito, vários dos identificados primeiro na brilhante frase, e que estão loucos para chegar ao estágio dos segundos - mas aí deu um pobreminha por lá - vamos ver se conseguimos desempodeirá-los e desenricá-los, ao menos, pois que de desmuquiranizá-los e designorantá-los não há a mínima esperança..

Há quem diga, no anonimato, que não faltam engravatados ligados à vida e ao poder “das Brasília” na categoria dos “mucaempodeirados.

“Esta terra tem dono; ninguém no-la tira!”

Quase 350 anos depois, Sepé Tiarajú é postumamente vilipendiado.
A luta por ele travada contra os colonizadores espanhóis e portugueses terá sido inglória. Em pleno século 21 um novo colonizador passa a presidir a capitania hereditária da província de São Pedro desta feita, sem intermediários.

E, para grande desonra do desterrado Sepé, toda a transmissão de posse acontecendo no palácio de governo de sua ex-terra.

Esse é o sentido mais que simbólico da fotografia ao lado. Em solenidade pública de prestação de contas feita pela capatazia de sua intendência, são apresentados relatórios ao homem de aço que faz caridade com o Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade através do mago Falconi, remunerado a peso de ouro.

Todo trabalhinho filantrópico feito pelo caridoso presidente da província [ver Intendência Gerdau] de graça, sem nenhum custo para o erário. Nem mesmo a retribuição de benefícios fiscais, anistias, empréstimos privilegiados, leis de incentivo à cultura, etc etc e ... ... ...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

diZerEs de camInHão

Os caminhoneiros possuem uma singular noção acerca da vida, que eternizam em frases estampadas nos apara-barros dos seus possantes caminhões. Apara-barro, na concepção moderna de marketing, é uma espécie de “outdoor traseiro ambulante”.

BiruTaDoSuL inaugura, a partir de hoje e com a frase do dia, a seção “diZerEs de camInHão”, na qual serão postadas contribuições das oito assíduas leitoras desse blógue quando avistarem tiradas espirituosas nos caminhões que rodam as estradas da vida.

Da estrada que leva à bela serra gaúcha, a frase de estréia da seção “diZerEs de camInHão” foi captada ontem e é:

Pior que muquirana empodeirado só ignorantão que fica rico

Livro revela interesse da CIA e máfias nos assassinatos dos Kennedy

O presidente dos Estados Unidos John Kennedy foi morto em 22 de novembro de 1963 em circunstâncias ainda hoje não esclarecidas. Na época foi montada uma versão conspirativa de que Cuba e URSS teriam envolvimento com o atentado.

O irmão de John Kennedy, Senador e candidato à presidência dos Estados Unidos nas eleições de 1968, também foi assassinado depois de declarar, durante a campanha eleitoral naquele ano, que eleito presidente revelaria as conexões da CIA e das máfias italiana e cubana na morte do seu irmão.

Estas são revelações apresentadas no livro de David Talbot [The Hidden History of the Kennedy Years, ainda não traduzido para o português], em que o autor demonstra que Robert Kennedy investigava a CIA e as máfias, suspeitava das armações montadas e tinha convicção sobre o complô contra seu irmão. Na iminência de se tornar presidente do país, foi assassinado no hall de um hotel com dois tiros no peito, à queima-roupa.

Quando os governos estadudinenses e as estruturas de poder não estão envolvidas em golpes contra outros países como no apoio sistemático a ditaduras e regimes autoritários em todo o mundo, se envolvem internamente em tramas e assassinatos para remover qualquer um que atravesse seus interesses.

Na China e no Japão os bacanas se dariam mal

Concorde-se ou não – e BiruTaDoSuL discorda frontalmente das atitudes drásticas adiante apresentadas – o fato é que os juízes, políticos, advogados, empresários e todos os bacanas que fazem parte das máfias pegas pela Polícia Federal se dariam mal com o jeito asiático em encarar a corrupção.

Na China, um funcionário foi condenado à morte [podendo recorrer e ganhar prisão perpétua] por receber propinas cerca de R$ 1,6 mi de indústrias para liberar alimentos e remédios que, contaminados, causaram mortes de pessoas no país e fora dele.

No Japão, o Ministro da Agricultura se suicidou com um tiro depois de denunciado do recebimento de 107 mil dólares de propina recebida de construtoras com interesse em projetos públicos. Menos de uma semana depois, o diretor de uma Agência e subordinado do falecido Ministro também se suicidou, por também estar envolvido no escândalo.

Enquanto isso, felizmente a cultura tupiniquim não adota a pena de morte. Mas infelizmente a justiça continua branda pros bacanas. Já para as “Angélicas”, quanta diferença ...