quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Feliz governo velho

Jeferson Miola, integrante do IDEA - Instituto de debates, estudos e alternativas de Porto Alegre

No primeiro dia de 2007 toma posse no Rio Grande um governo que nasce findo. O denominado “novo jeito de governar” revelou ainda cedo o que muito fora dito sobre si nas eleições: que inova unicamente na arte de ludibriar a sociedade através de fantasias fabricadas com o auxílio do marketing eleitoral. Nas eleições passadas, foi abundante o uso de bordões e clichês para mistificar a realidade e fraudar a vontade popular. O exagero no uso de fórmulas mistificadoras ficou evidente na comparação ridícula que os apoiadores da então candidata Yeda faziam entre ela e as heroínas Ana Terra e Anita Garibaldi!! [sic]

A governadora, logo que eleita, também revelou uma singular predisposição em produzir conflito e desagregação no interior da própria aliança partidária que a elegeu. Inclui-se aí o isolamento imposto ao vice-governador, preço pago pela sinceridade com que ele expõe seus propósitos políticos e sua visão programática. Nos últimos dias, dois “futuros” Secretários de Estado “se demitiram” antes mesmo de serem nomeados. Um prodígio inédito na política gaúcha.

Com a apresentação do pacotaço contendo medidas radicalmente contrárias às promessas de campanha, Yeda removeu o véu que encobria a última nesga do disfarce eleitoral do “novo jeito de governar”. A governadora quer impor mais do mesmo veneno: aumento cavalar de impostos, remoção de estímulos à agricultura e às exportações, arrocho do funcionalismo, aperto do custeio da saúde, educação, segurança e ao mesmo tempo a preservação de bilionários benefícios fiscais para um punhado de mega-empresas. Ao invés de induzir os setores dinâmicos e tradicionais para retomar o crescimento da economia gaúcha e assim recompor as finanças estaduais, a proposta tem um viés puramente fiscalista.

O pacotaço – com ou sem remendos - poderá ser aprovado na Assembléia Legislativa, onde a governadora possui maioria. Será, parafraseando o vice-governador Paulo Feijó, “um desastre; um erro estratégico de médio e longo prazo e causa da debandada de empresas e empregos do Rio Grande”. Os partidários do governo que nasce findo se apressam em mistificar novamente a realidade, desta vez sustentando a “inevitabilidade” das medidas – como se no período eleitoral a situação fosse diferente – e enaltecendo a “coragem” da governadora em aplicá-las.

Ninguém, mesmo apoiado em maioria parlamentar, no marketing e na propaganda entorpecente consegue, contudo, mistificar para sempre a realidade, a política e a história. As fórmulas agora defendidas como “inevitáveis, corajosas e heróicas” foram aplicadas desde sempre pelos mesmos personagens que hoje compõe o governo Yeda, e estão na raiz da grave crise da economia e das finanças gaúchas. Melhor seria para o presente e para o futuro do Rio Grande se não precisássemos nos deparar com um governo já obsoleto antes mesmo de ser empossado. É uma lástima.

Novo jeito de comprar

A governadora Yeda e sua aliança conservadora não estão inovando só na arte de ludibriar o povo.
Agora no Rio Grande quem compra bombacha recebe pantalha.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Feijó avalia pacote do seu governo: desastre, erro estratégico, etc etc

O vice-governador eleito Paulo Feijó não economiza adjetivos para caracterizar o pacote encaminhado à Assembléia Legislativa a pedido da governadora eleita Yeda Crusius. Em entrevista à Rádio Gaúcha após a publicação do pacote [clique para acessar a página e selecionar a audição da entrevista], o vice-governador caracterizou o pacote como "desastre", "erro estratégico", "erro de médio e longo prazo", causa para a "debandada de empresas e empregos" do Rio Grande, proposta de burocratas que "nunca criaram um emprego e que não têm condições de dirigir o Estado", etc etc etc.
Só não comentou sobre a monumental fraude política que é a sua governadora e que foram as promessas feitas na eleição.