sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Ângulos da cena brasileira em análise

A eleição presidencial de 2006, principalmente durante o segundo turno, evidenciou alguns aspectos que marcarão o conflito político e de classes no Brasil no próximo período. Se sobressaem [1] o comportamento parcial e tendencioso da mídia, [2] a pregação odiosa da direita e a vilania contra Lula, o PT e as forças populares, [3] a deslegitimação do animus golpista em razão da formidável vitória de Lula e [4] a interpelação popular e anti-neoliberal do discurso de Lula nas eleições.

Além disso, a derrota do conservadorismo e da direita brasileira foi acompanhada da mais espetacular derrota da mídia no Brasil, inexitosa na tentativa de manipulação do debate público à feição do udenismo ressuscitado. A consciência do povo brasileiro acerca das melhorias propiciadas pelo governo Lula – ainda que limitadas e contraditórias – não foi entorpecida pela mídia e menos ainda escravizada pelo poder oligárquico.

A partir desses pressupostos, o simpósio Ângulos da cena brasileira em análise buscará refletir sobre as tarefas postas para a esquerda no segundo governo Lula e, principalmente, sobre as perspectivas para a realização das reformas sociais urgentes e necessárias em meio às tensões e contradições intrínsecas a um governo de coalizão.

Segundo governo este que se desenrola num cenário continental e internacional mais favorável ao avanço da consciência cívica mundial de oposição à hegemonia norte-americana e ao neoliberalismo e propício à maior integração de projetos solidários entre os povos.

Os conferencistas do simpósio serão Dilermando Toni – PcdoB, Miguel Rossetto – PT, Raimundo Pereira – Revista Reportagem e Roberto Amaral – PSB.

O simpósio acontece na próxima terça 19/12 às 19 horas na Casa dos Bancários, sendo uma realização do IDEA – Instituto de debates, estudos e alternativas de Porto Alegre e SindBancários - Sindicato dos Bancários de Porto Alegre com o apoio do SINTRAJUFE/RS, CPERS, Federação dos Bancários e CUT/RS.

Acontece em Porto Alegre para que nunca mais aconteça na história da humanidade

Na próxima segunda 18/12 ocorrerá um ato de homenagem à família Teles, que promoveu ação judicial declaratória contra o torturador Brilhante Ustra. Biruta do Sul publicou vários apontamentos sobre o assunto, que podem ser revistos no índice ao lado em 12set e de 24nov avaliando os significados desta inédita ação para o debate acerca dos crimes da repressão no Brasil.

A homenagem acontece na Casa dos Bancários às 17h de segunda, sendo promovido por vários partidos políticos, organizações civis, associações de mortos e familiares de desaparecidos, parlamentares e instituições públicas.

Deputação ou depravação?

Depois do hercúleo e heróico esforço para aumentar em OITO REAIS o salário mínimo do povo brasileiro [que passará de R$ 367 para R$ 375], as excelências legislativas “das Brasília” se auto-concederam um aumento de ONZE MIL SEISCENTOS E CINQUENTA E TRÊS REAIS, de molde que o “subsídio” mensal dos deputados e senadores passará de R$ 12.847 para R$ 24.500.

Com o merecido aumento do “subsídio” mensal, nos quatro anos da próxima legislatura as excelências legislativas “das Brasília” receberão R$ 1.470.000 - contando, além do “subsídio” mensal, a regalia de mais três “subsídios” no ano e não se considerando as demais regalias indiretas do mandato. Os ONZE MIL SEISCENTOS E CINQUENTA E TRÊS REAIS significarão R$ 699.180 a mais no bolso das excelências legislativas “das Brasília” nos próximos quatro anos.

Por outro lado, o povo brasileiro do salário mínimo, agraciado por seus representantes parlamentares com um aumento de OITO REAIS, ao cabo dos próximos quatro anos [período de duração do mandato das excelências legislativas “das Brasília”] terá embolsado R$ 19.500 de salários, aí considerado o percebimento do 13º. Com o generoso aumento de OITO REAIS concedido pelos seus representantes parlamentares, o povo brasileiro embolsará R$ 416 a mais nos próximos quatro anos.

A decisão conjunta adotada pelas mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, de tão obscena, deve promover uma reforma na língua portuguesa, reconhecendo a sinonímia entre as palavras deputação e depravação [e, por extensão, entre deputado e depravado], incorporando nessa categoria os/as nobres senadores/as.

A decisão das excelências legislativas “das Brasília” é motivo de alegria, alegria na Assembléia Legislativa gaúcha, cujo “subsídio” mensal dos parlamentares passará automaticamente para R$ 18.300, sem necessidade de decisão e/ou votação, pois os edis anteriormente agiram com sabedoria, estabelecendo a vinculação dos seus ganhos em 75% do que recebem as excelências legislativas “das Brasília”. Aumentou lá, aumenta cá!! Quem sabe não seja este um motivo a ser comemorado pelo povo gaúcho do salário mínimo, que poderá ser agraciado com a ampliação da rede de albergues no Estado.

Em artigo na Carta Maior, Marco Weissheimer pergunta: Alguém aprendeu algo com a crise política?. Leia o artigo e responda à pergunta.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Inaugura na bela e doce capital

Amanhã, 15/12 às 18:30 horas haverá a inauguração de novo espaço cultural em Porto Alegre, o Mundo Paralelo, que terá café, bar e loja de empreendimentos da economia popular e solidária. O Mundo Paralelo se localiza na Casa dos Bancários, a sede do Sindicato dos Bancários que está abrigada no antigo casarão restaurado na Rua da Ladeira [General Câmara] número 424.
Com este novo investimento que se incorpora ao já existente auditório, a Casa dos Bancários tem tudo para se tornar um importante centro político, cultural, intelectual e social da bela e doce capital de todos/as os/as gaúchos/as. A diretoria do Sindicato pretende concluir no próximo ano a Sala de Exibições, com capacidade para 98 lugares.
Vida longa à Casa dos Bancários. Vida longa ao Mundo Paralelo - e que seja infinitamente melhor que o atual.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Agora só falta o Britto ...

Apesar da reiterada insinceridade da governadora eleita Yeda Crusius, desde que o mundo é mundo se sabia que os disfarces utilizados por ela na eleição - “novo jeito de governar” e “choque de gestão” – não passavam de truque eleitoral.

A poucos dias da posse, a fotografia do governo está praticamente completa, e revela que Yeda foi mais realista que a rainha. Na reedição do velho modo neoliberal de destruir, entregará áreas importantes para figurinhas manjadas que fizeram parte do governo Britto – Berfran, Proença, Bonow, ... Britto, bem lembrado, foi aquele governador que destruiu o Estado privatizando funções públicas [pedágios], entregando patrimônio estatal, doando dinheiro público para transnacionais e demitindo massivamente funcionários de funções essenciais.

Britto tem sua trajetória marcada pela destruição: depois do Estado do Rio Grande, devastou fábricas e empregos da mega-indústria de calçados que presidiu. Hoje, sem ocupação definida, poderá ser uma alma a rondar outra vez a atmosfera do Piratini.

Parafraseando Pagina/12, Biruta do Sul deixa uma pergunta perturbadora: o quê haverá feito o povo gaúcho para merecer isso?!?!?!

Acontece na bela e doce capital

Desde o último 11/12 até 16/12 acontece em Porto Alegre a 8ª Feira Estadual de Economia Popular Solidária. A feira congrega produtores/as associados/as, cooperativados/as, individuais, agricultores/as e “agroindustriais” familiares de várias regiões do Rio Grande, oferecendo principalmente alimentos, artesanato, bebidas, vestuário a preços honestos e qualidade certificada.
Vale conferir a Feira, que acontece no Largo Glênio Peres, das 8:30h às 20h.

Avermelhando o planeta ...

Vêm do oriente os ventos que colorem de vermelho o planeta ...
Vâmo vâmo Inter!!!

Quá Quá Quá!!! Com gol do Pato!!!

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Não precisa ser, mas tem de ter gratidão

O presidente Lula até pode, de fato, não se considerar alguém de esquerda, muito embora o governo por ele capitaneado - com todos limites, contradições e avanços – ainda tem situado o Brasil à esquerda na política internacional e diminuído as desigualdades e injustiças sociais no plano interno.

É certo que a esquerda não-dogmática do país – de inserção social, partidária ou intelectual - tem demonstrado sapiência e noção estratégica para compreender perfeitamente a complexidade do momento histórico e saber discernir de que lado o jogo deve ser jogado.

Até por isso o presidente poderia expressar melhor gratidão pela esquerda, esta condição honrosa que para muitos independe de idades, gerações e principalmente de circunstâncias. Afinal, foram os valores, os compromissos e o discurso de um mundo melhor, portados pela esquerda, que o elegeram presidente para mudar o Brasil. Duas vezes.

Enquanto isso, nas portas do inferno ...


Gilberto Maringoni, uma dessas maravilhosas obras do cartunismo brasileiro, flagrou o rebuliço no inferno causado pela notícia da chegada do sanguinário Pinochet. A charge do Maringa está acompanhada de ótimas notícias no saite da Carta Maior.

¿QUE HABRÁ HECHO EL INFIERNO PARA MERECER ESTO?

Uma das manchetes mais inspiradas ontem foi do diário argentino Página/12, sugerindo que ainda está por existir um lugar para abrigar o facínora Pinochet. Nem para o inferno o sanguinário merece ir.

Quando da morte do ditador argentino Leopoldo Galtiéri em janeiro de 2003, o título de capa do Página/12 foi “Sólo llora Johnnie Walker”, numa clara alusão ao alcoolismo que marcou a vida do sanguinário ditador ao lado da crueldade da repressão. Numa matéria de dentro do jornal, outro título inspiradíssimo daquela edição do Página/12: “Murió el amigo del whisky y la tortura.

Santa diferença do Página/12 em relação à mídia tupiniquim!!!


segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Governo de coalizão precisa da força do povo

Jeferson Miola, integrante do IDEA – Instituto de debates, estudos e alternativas de Porto Alegre - jmiola@uol.com.br


A semana que passou foi grifada com uma significativa derrota política do governo Lula, que amargou a eleição do deputado pefelista Aroldo Cedraz [afilhado político de ACM] para o cargo de Ministro do Tribunal de Contas da União [TCU]. No mínimo, foi uma derrota da crença do governo em buscar obsessivamente maioria congressual sem politizar a relação com a ampla maioria social que o elegeu.

Lula pertence à rara galeria de governantes mundiais que ostenta um portfólio de quase 60 milhões de sufrágios populares e uma das maiores votações proporcionais já obtidas no planeta com 61% da preferência do eleitorado nacional. Entretanto, este capital social e eleitoral parece valer pouco na definição da estratégia de sustentação do governo com vistas à implementação das reformas democráticas e populares que o Brasil necessita.

Nesses dias em que a humanidade se livra para sempre do facínora chileno [Pinochet], nunca é demais lembrar a importância de que governos progressistas e de esquerda combinem [i] a adesão do povo que almeja mudanças com o [ii] equilíbrio institucional amplo, que inclui arranjos parlamentares para constituição de maiorias.

Todas as sinalizações de Lula e do PT para a montagem do segundo governo, todavia, evidenciam a persistência do mesmo erro cometido durante o primeiro mandato, em que a governabilidade foi concebida fundamentalmente nos limites da relação com o Congresso Nacional. Não houve equilíbrio [e poderá não haver no segundo mandato] entre a busca de maioria parlamentar e a implementação de formas de deliberação pública e de comprometimento programático na sociedade que poderia ocorrer, por exemplo, com mecanismos de democracia participativa e de outros canais de participação social e de interlocução com os movimentos sociais e de relação com demais agentes políticos sub-nacionais.

A derrota sofrida pelo governo na indicação do Ministro do TCU pode ser encarada como sinal da desarticulação do PT no Congresso e da barganha da base aliada nas negociações, mas não pode ser recusada enquanto demonstração dos limites de compromissos dos setores partidários da aliança formada no governo de coalizão. Não pode haver confiabilidade absoluta nessa sustentação congressual pelo simples fato de que não haverá 100% de fidelidade dos novos aliados com as propostas do governo - mesmo que hoje a feitura das alianças ocorra a partir da pactuação transparente e de “bases programáticas” [expressão de dirigentes do PT], porque são grandes as contradições programáticas com os partidos da coalizão.

Alianças parlamentares para sustentação de um governo de esquerda se justificam quando ajudam a concretizar os compromissos programáticos e as mudanças que superem as desigualdades e as graves injustiças sociais do país. Podem ser mediações políticas que ajudam a concretizar o projeto do governo; mas jamais se pode iludir com a idéia de que após constituídas se bastam em si mesmas. É essencial, junto com a viabilização de maioria de apoio do governo no parlamento, o estabelecimento de estratégias de irradiação da participação popular nos rumos e no controle do governo e do Estado.

O povo organizado, consciente e participante pode ser o aliado fundamental para que o parlamento e os parlamentares possam desenvolver políticas de interesse do país e da maioria da sociedade. O povo pode ser, também, o mais fiel sujeito político capaz de obstruir as tentativas da direita e do conservadorismo em desestabilizar e destituir o governo Lula. Se não existir equilíbrio entre a sustentação congressual e a relação organizada com a sociedade, o governo poderá ter prejuízos importantes. No primeiro mandato, mesmo sem nunca ter necessitado maioria de 2/3 no Congresso o governo cedeu tudo à chamada base aliada, que não evitou a derrota para a presidência da Câmara dos Deputados e também não impediu as CPI´s ilegais montadas pelo conservadorismo tucano-pefelista para atacar implacavelmente Lula e o governo com o apoio do oligopólio midiático. Esta é uma lição que deve ser levada em consideração.

La muerte de un canalla

Por Mario Benedetti
Domingo, 10 de diciembre de 2006

Los canallas viven mucho, pero algún día se mueren

Obituario con hurras
Vamos a festejarlo
vengan todos
los inocentes
los damnificados los que gritan de noche
los que sueñan de día
los que sufren el cuerpo
los que alojan fantasmas
los que pisan descalzos
los que blasfeman y arden
los pobres congelados
los que quieren a alguien
los que nunca se olvidan
vamos a festejarlo
vengan todos
el crápula se ha muerto
se acabó el alma negra
el ladrón
el cochino
se acabó para siempre
hurra
que vengan todos
vamos a festejarlo
a no decir
la muerte
siempre lo borra todo
todo lo purifica
cualquier día
la muerte
no borra nada
quedan
siempre las cicatrices
hurra
murió el cretino
vamos a festejarlo
a no llorar de vicio
que lloren sus iguales
y se traguen sus lágrimas
se acabó el monstruo prócer
se acabó para siempre
vamos a festejarlo
a no ponernos tibios
a no creer que éste
es un muerto cualquiera
vamos a festejarlo
a no volvernos flojos
a no olvidar que éste
es un muerto de mierda.

domingo, 10 de dezembro de 2006

Estadio Chile

Em 12 de setembro de 1973, no dia seguinte ao golpe militar, o músico Victor Jara foi preso na Universidade onde trabalhava e levado diretamente para o Estádio Nacional do Chile, onde foi torturado, ultrajado, teve as mãos amputadas e foi finalmente fuzilado quatro dias depois.

Durante os poucos dias em que esteve confinado no Estádio, escreveu o poema que foi levado por companheiros soltos para sua esposa Joan Jara:

Somos cinco mil
en esta pequeña parte de la ciudad
Somos cinco mil
¿Cuántos seremos en total
en las ciudades y en todo el país?
Sólo aquí, diez mil manos que siembran
y hacen andar las fábricas.

¡Cuánta humanidad
con hambre, frío, pánico, dolor,
presión moral, terror y locura!

Seis de los nuestros se perdieron
en el espacio de las estrellas.

Un muerto, un golpeado como jamás creí
se podría golpear a un ser humano.
Los otros cuatro quisieron quitarse todos los temores
uno saltando al vacío,
otro golpeándose la cabeza contra el muro,
pero todos con la mirada fija de la muerte.
¡Qué espanto causa el rostro del fascismo!
Llevan a cabo sus planes con precisión artera
sin importarles nada.
La sangre para ellos son medallas.
La matanza es acto de heroísmo.
¿Es éste el mundo que creaste, Dios mío?
¿Para esto tus siete días de asombro y de trabajo?
En estas cuatro murallas sólo existe un número
que no progresa,
que lentamente querrá más la muerte.

Pero de pronto me golpea la conciencia
y veo esta marea sin latido,
pero con el pulso de las máquinas
y los militares mostrando su rostro de matrona
lleno de dulzura.

¿Y México, Cuba y el mundo?
¡Que griten esta ignominia!
Somos diez mil manos menos
que no producen.
¿Cuántos somos en toda la Patria?
La sangre del compañero Presidente
golpea más fuerte que bombas y metrallas.
Así golpeará nuestro puño nuevamente.

¡Canto que mal me sales
cuando tengo que cantar espanto!
Espanto como el que vivo
como el que muero, espanto.
De verme entre tanto y tantos
momento del infinito
en que el silencio y el grito
son las metas de este canto.
Lo que veo nunca vi,
lo que he sentido y lo que siento
hará brotar el momento...

Um facínora que se vai

O ditador golpista Augusto Pinochet morreu com o privilégio de não ter nenhum ajuste de contas com a justiça chilena. Com a morte do sanguinário ditador, se foi um dos piores facínoras latino-americanos ainda remanescentes. Ele se foi, contudo, sem pagar um segundo da sua vida com uma condenação merecida, devida, porém nunca recebida.

Mas se não foi julgado e condenado, pelo menos a morte do ditador não significa o esquecimento ou o indulto eterno pela barbárie praticada. Perdoar ou indultar o facínora [e todos repressores da sua laia que agiram nos países do nosso continente] é tão criminoso quanto o crime bárbaro que foi cometido por ele [e os da sua laia] contra seu próprio povo.

A presidenta chilena Michele Bachelet, cujo pai foi morto pela repressão de Pinochet, não concederá ao ditador honras de Estado na cerimônia de sepultamento. A declaração do governo brasileiro, de outra parte, é elogiável por relembrar o pesadelo histórico do período da ditadura chilena, e também por não reconhecer Pinochet como alguém que mereça manifestação solene de parte do Estado brasileiro.

Com o avanço das esquerdas no continente latino-americano, cresce a consciência histórica de que é fundamental o julgamento dos crimes da repressão do passado para um futuro de reconciliação. Oxalá seja o destino desejado por Salvador Allende em seu último pronunciamento feito na Rádio Magallanes instantes antes de sua morte no 11 de setembro de 1973:

Trabajadores de mi patria: Tengo fe en Chile y su destino. Superarán otros hombres este momento gris y amargo, donde la traición, pretende imponerse. Sigan ustedes, sabiendo, que mucho más temprano que tarde, de nuevo, abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre, para construir una sociedad mejor.