sábado, 7 de outubro de 2006

Síndrome da cadeira

Deve haver alguma maldição que atinge os presidentes do PT. Todos os três últimos caíram em desgraça – Zé Dirceu, Genoino e Berzoini.

O Marco Aurélio Garcia terá que se cuidar para não ter o mesmo karma. Ele pisou feio no tomate ontem, quando disse que esperava em breve “se ver livre desse abacaxi”. Se referia à Presidência do PT, que estava assumindo em lugar do Berzoini, afastado devido à estupidez do dossiê.

Pegou mal, Marco Aurélio.

Apesar da fruteira, da fauna e da flora que coexiste no PT – com algumas amebas, cactus, abóboras, escorpiões, etc – o PT é grandioso e muito maior que os desvios daqueles que não representam sua origem e seus valores.

Perderam os profetas da extinção da raça do PT

Só depois de 29 de outubro se poderá fazer uma apreciação conclusiva do resultado eleitoral de 2006 e da nova paisagem que se descortina no horizonte político brasileiro.

A disputa presidencial é o fator mais relevante que poderia alterar a balança em favor da direita, caso ocorresse a até agora improvável vitória de Alckmin.

Em ordem seguida de importância, contarão nesta contabilidade da esquerda e dos setores progressistas os resultados das disputas nos estados do RS, PA, PE, RN e PR, porque nos dois principais estados do país [SP e MG], o tucanato preservou seu quinhão eleitoral.

Mas o primeiro turno eleitoral permite concluir que o PT não foi moído como alardeava a direita rancorosa. Ao contrário, segue eleitoralmente tão ou mais forte quanto antes:

  • foi o partido com a maior votação nominal do país. É o mais preferido do eleitorado;
  • elegeu 83 deputados federais, que é o tamanho da atual bancada na Câmara dos Deputados, eleita com 91 deputados e que teve 7 dissidências para o PSOL;
  • ampliou para 4 governos estaduais em primeiro turno [AC, BA, PI e SE] em relação aos 3 conquistados em 2002, sublinhando a importante vitória obtida na Bahia;
  • ficará com 11 senadores, só 2 a menos que a atual representação no Senado;
  • elegeu 127 deputados estaduais, número equivalente à atual representação nos legislativos estaduais em todo o país.

Apesar do brutal massacre da mídia todos os dias contra todo o PT - e não só contra os estúpidos passados e presentes do Partido -, pode-se dizer que nesta eleição o povo não decretou a extinção da raça do PT como desejava o Grande Kayser do PFL, Jorge Bornhausen.

Aliás, parece que o povo não acompanha o comportamento fascista do seu PFL:

  • perdeu o governo da Bahia, onde seu colega oligarca reinava frouxo;
  • a bancada na Câmara dos Deputados foi reduzida de 84 para 65 deputados, ou seja, 19 a menos da atual bancada;
  • perdeu 4 governos estaduais que tinha, elegendo apenas o governador do Distrito Federal.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Daslu mora aqui

Na genialidade de hoje [porque é heresia tratar os escritos do LF Veríssimo como "coluna" semanal] o genial Veríssimo comenta sobre o PT com maior influência eleitoral nortista e nordestina que emerge das urnas e também sobre o bem que faz ao PT a emergência de lideranças gaúchas e outras de fora do “domínio” paulista. [Acesse aqui a coluna do Veríssimo]

A frase final é lapidar: “Seja como for, o PT do Rio Grande do Sul tem sido uma reserva de talentos, nem sempre bem aproveitada, cuja principal credencial é estar longe do berço paulista.”.

Não se trata de xenofobia ou de rivalidades regionais, mas é fato concreto que a lógica paulista fez mal ao PT brasileiro.

Assim como a forma paulista de enxergar e pensar o Brasil, além de autoritária, é insuficiente diante da complexa e plural realidade nacional. Esta visão, aliás, compromete o desenvolvimento harmônico e desconcentrado do país.

O PSDB é a maior síntese dessa visão autoritária e restrita; é a representação política e institucional do capital financeiro e monopolista internacional com raízes sólidas em São Paulo.

O PSDB no Rio Grande do Sul é o subconjunto regional da lógica e da prática desse PSDB. O PSDB no Rio Grande é transmissor daquele jeito dissimulado, oportunista e hiper-pragmático de fazer política para satisfazer seus interesses a qualquer custo.

Dito em linguagem figurada, o PSDB tem aquele jeito de camelô que inventa um monte de estórias tolas pra empulhar seus produtos de qualquer jeito aos mais desavisados. E que no fim ainda acredita que os tolos são os compradores que lhe dão ouvidos.

A candidata tucana ao governo do Rio Grande do Sul simboliza isso duplamente: por ser do PSDB e por ter essa índole paulista, dado sua nascença e formação fundamental ter sido em São Paulo.

Enquanto Olívio simboliza a ancestralidade e os ideais Farrapos da fraternidade, lealdade, republicanismo, igualdade e nacionalidade com respeito e soberania, Yeda é uma visão deformada de um Rio Grande pensado como uma grande praça comercial da Daslu e da “modernidade” tucana dos shoppings centers.

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Porque recordar é viver ...


A engambelação de Yeda de que representa um “novo jeito de governar” deveria ser comprovada através de fatos, de uma trajetória política coerente, de uma história ligada a mudanças e principalmente através das opções adotadas ao longo da vida pública.

Mas em nenhum desses aspectos Yeda consegue comprovar esta mistificação política criada para mais uma vez iludir o povo e tomar de assalto o aparelho de Estado.
Yeda, Alckmin e toda a aliança conservadora que se articula em torno de suas candidaturas ressucitam políticas fracassadas do século passado e que não deram certo no Brasil e no Rio Grande.

Eles querem retomar a agenda superada das privatizações do Banrisul e de empresas estatais, das concessões de benefícios estatais para mega-empresas que não precisam, e do desmonte das ações públicas na saúde, educação, assistência social e segurança pública.

A história não é uma página em branco, como a velha turma que já governou mal o Rio Grande e o país querem fazer crer.

Para que todo mundo se recorde – e para que nunca mais aconteça -, Biruta atiça a memória com outra imagem de 1998. Ali aparece a fotografia de Yeda e dos seus velhos amigos que, segundo Britto, estavam "ajudando a construir o 'novo' Rio Grande". [sic]

A fotografia mostra muitos da turminha ainda com carinhas jovens. Já praticavam as velhas maldades desde criancinha ...

Diga-me com quem andas


A candidata Yeda tenta se apresentar como a novidade na política gaúcha. Os fatos - ou melhor, as fotos - desmontam toda engambelação dela.
Existe alguém novo nesta foto da turma de velha convivência?

Dois pesos, dois desafios

Os resultados eleitorais no Rio Grande do Sul confirmam o que se suspeitava: Lula conteve o crescimento de Olívio, puxando-o para baixo, enquanto Alckmin catapultou Yeda ao segundo turno.

Foi a primeira vez, desde o segundo turno de 1989 contra Collor de Mello, que Lula perdeu uma disputa presidencial em território gaúcho.
Vale lembrar que o Rio Grande foi, em todas as eleições presidenciais anteriores [segundo turno de 1989, 1994, 1998 e 2002], o local onde Lula sempre obteve o melhor desempenho eleitoral do país. Neste ano, entretanto, o exigente e politizado povo gaúcho enviou um forte recado a Lula no primeiro turno.

A campanha do segundo turno de Olívio, por isso, terá um duplo desafio: melhorar a imagem de Lula no Estado para levá-lo à vitória, e derrotar Yeda expondo o retrocesso que o tucanato e sua aliança racista-conservadora representam para o país e para o Rio Grande.

BAH-iano porreta

Eleito no primeiro turno de forma surpreendente para governar o Estado mais importante conquistado pelo PT até agora, Jaques Wagner carrega o trunfo de ter derrotado o oligarca-mor da Bahia e do nordeste brasileiro.

O governador eleito na largada já passou a cumprir um papel político importante no cenário político nacional, defendendo a expulsão do bando de estúpidos do PT envolvidos no caso do dossiê.

É assim que o PT vence e que derrotará outra vez o conservadorismo: revigorando os fundamentos que lhe deram origem e que o tornaram uma luz de esperança e de mudanças para o povo brasileiro.

Yeda + Padilha = novo?!?!

É risível a desfaçatez da turma do “novo jeito de governar”. Eles são inovadores só na engambelação, porque a visão de mundo deles é tão obsoleta quanto a terra é redonda, como já bem disse Olívio Dutra.

O deputado Padilha, que controla uma turma grande do PMDB gaúcho e é o mais tucano de todos os peemedebistas, se apressou em anunciar o apoio à deputada Yeda no segundo turno.

Para isso, tentou atropelar a direção do PMDB, o ritmo do próprio governador Rigotto e seus correligionários que não assimilaram a deslealdade e traição da candidata em relação ao governo do qual fez parte com o vice-governador.

Ao que tudo indica, se verá um PMDB dividido no segundo turno – tanto na eleição para presidente quanto para governador.

Seja como for, prestaria um grande serviço à população quem esclarecesse qual é mesmo a novidade de Yeda, que a cada dia exibe adesões de personagens nada novos na política.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Problema circunstancial

Devido a problemas técnicos [ou dito melhor, devido a imperícia], ocorreu uma alteração imprevista na apresentação do blógue, o que deverá retornar à forma anterior nas próximas 36 horas.
Gratos pela compreensão.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Significado transcendental

Neste 1º de outubro transcorreu mais do que a eleição no Rio Grande. Teve lugar um acontecimento de significado transcendental para o PT gaúcho. O povo alçou Olívio ao segundo turno para derrotar a velha direita - que agora se apresenta travestida de “novo” - numa eleição dificílima e dramática.

Este feito ganha relevância dobrada se examinadas as circunstâncias extremamente desfavoráveis em que se desenrolou. A começar pela estupidez do caso do dossiê, que atingiu notavelmente o ânimo de militantes, simpatizantes e das pessoas identificadas com o PT.

O Rio Grande, por sua singularidade, foi o Estado onde o bombardeio da imprensa causou maiores danos ao desempenho não só do Lula, mas principalmente da candidatura estadual do PT. O Rio Grande era a única unidade da federação em que Lula havia vencido todos os pleitos presidenciais desde o segundo turno de 1989 contra Collor de Mello. Nesta eleição, entretanto, Lula sofreu uma derrota acachapante para Alckmin.

Havia também uma movimentação subterrânea que visava excluir Olívio do segundo turno para assim possibilitar um ambiente livre e desimpedido para o acerto, em “estado puro”, da continuidade do comando conservador do Estado, da gestão dos negócios públicos e da orientação dos subsídios, apoios e instrumentos estatais. Ou seja, uma tentativa de polarizar a decisão sobre o futuro do Estado exclusivamente no campo da direita gaúcha.

Circulam teses impressionistas sobre a hipótese de ter havido um esquema armado e mal-sucedido de troca de votos para turbinar Yeda e Rigotto e detonar Olívio - o próprio governador-candidato insinuou haver uma armação do PSDB/PFL/PPS neste sentido, em entrevista após a derrota.

Mas a tentativa de detonar Olívio foi menos resultado dessa hipotética [senão inexeqüível] armação do que de uma engenhosa operação da direita com amparo da mídia, com fatos consumados e a difusão permanente de um clima artificial de vitória de Yeda e Rigotto que exerceram influência na opção feita por parte do eleitorado.

A mídia operou cientificamente este objetivo e tratou de danificar a imagem do PT e prejudicar Olívio nas muitas formas que pôde: com reportagens mentirosas, parcialidade na abordagem do dossiê, espaços desbalanceados e/ou desprivilegiados nos veículos, pesquisas fraudulentas e indução da vontade popular mediante cobertura tendenciosa.

A mídia também elegeu antecipadamente Simon como senador pelo PMDB, atribuindo-lhe nunca menos que 45% de votos, enquanto na eleição obteve 32%. Ou se poderia dizer que derrotou o candidato Miguel Rossetto por antecipação, sempre apresentando-o com pretensões próximas a 14%, quando na eleição obteve quase 30% da preferência popular – um escândalo! E o lamentável é que desta vez, além do grupo RBS, outros meios de comunicação regional atuaram de maneira tendenciosa nas eleições.

Por todas essas circunstâncias, a ida de Olívio Dutra ao segundo turno no Rio Grande do Sul é mais um passo decisivo da emocionante caminhada “rumo à estação vitória”. A conquista desse lugar em meio a tremendas dificuldades confere uma gigantesca força moral capaz de impulsionar a vitória definitiva de Olívio no segundo turno.

A vitória do Olívio é essencial para o revigoramento do PT e da esquerda gaúcha. Além disso, também ajudará a dar um tempero da verdadeira esquerda tanto ao PT brasileiro como ao segundo governo Lula. Um gosto diferente e melhor do que fomos obrigados a amargar nos últimos tempos.

O povo já sabia

Na sexta-feira 29/09, Biruta já dizia [ver texto anterior] o que o povo já sabia: que é Olívio de novo para derrotar a velha direita, desta vez encarnada na figura da “ministra-fantasma, ente ficto, ectoplasma tecnocrático”.