sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Tsunami Rigotto causa tragédia na saúde

O candidato-governador que se elegeu prometendo construir um posto de saúde a cada quilômetro é fiel à doutrina do PMDB de causar uma tragédia na saúde pública. Segue, assim, o mesmo estilo do seu ex-governo do seu ex-correlegionário Britto: prejudica a população que precisa do SUS, mas favorece os grandes.

No final de agosto, a Justiça mandou o atual governo devolver R$ 365 milhões das verbas que foram desviadas da saúde somente no ano de 2003.

Nos anos de 2004 e 2005, o governo estadual também deixou de aplicar na área os 12% que determina a Constituição Federal, causando um rombo de mais de R$ 1 bilhão de reais.

Na proposta de orçamento para 2007 que enviou à Assembléia Legislativa no último 15/09, Rigotto outra vez desrespeitou a Constituição [e principalmente o povo que mais precisa] e deixou faltando R$ 237 milhões no orçamento da saúde. Com isso, ao final do tsunami Rigotto, o SUS vai contabilizar um prejuízo de aproximadamente R$ 2 bilhões.

O Rio Grande do Sul, no ano de 2004, foi a unidade da federação com o pior índice de investimento na área de saúde, de acordo com a Nota Técnica 49/2006 do Ministério da Saúde. Aplicando apenas 6,1% da receita, Rigotto deixou o Rio Grande na lanterna neste verdadeiro "ranking da vida", posicionando-o muito abaixo do padrão de investimentos dos demais Estados, que variaram de 9% a 24%.

Além de retirar dinheiro da saúde, Rigotto desmontou o SUS ao abandonar projetos importantes criados no governo Olívio e que vinham dando certo pois permitiam o atendimento qualificado e resolutivo da população. Não faltam exemplos: a municipalização solidária, a regionalização hospitalar, a produção de medicamentos e o financiamento dos hospitais, casas de saúde e instituições comunitárias, filantrópicas e conveniadas do SUS.

Enquanto o governo estadual aplica menos de 6% do orçamento na área da saúde, os municípios gaúchos estão aplicando em média 19% e o governo Lula aumentou em R$ 400 milhões/ano o custeio dos serviços e ações do SUS no Estado. Isso quer dizer que quem de fato financia o SUS no Rio Grande do Sul são a União e os Municípios.

Ao mesmo tempo em que desviou R$ 2 bilhões da saúde, Rigotto concedeu R$ 5 bilhões em benefícios fiscais para mega-empresas e deu três anistias para sonegadores.

Como está acostumado a transferir a culpa de todos os males do Rio Grande a São Pedro ou ao governo federal, é provável que o candidato-governador culpe as pessoas que adoecem pela tragédia que causa à saúde.

Quando tudo ajuda ...

O governador-candidato anunciou que não mais se licenciará para se dedicar exclusivamente à campanha reeleitoral.
Concluiu que nem é necessário, pois com a generosa força que recebe dos principais meios de comunicação, pode ficar em casa brincando com o cachorrinho novo e se poupando da dureza do trabalho.
Ademais, o governador-candidato também tem a vantagem de poder transformar comitê eleitoral em repartição pública de vacinação infantil sem ser molestado pela justiça eleitoral. Ah, com direito a usar materiais, equipamentos e funcionários públicos!! Sem deixar de recordar que o feito se deu em Imbé e que os funcionários atuavam devidamente uniformizados.

Para que nunca mais aconteça III

Repercutiu no Nuestro Vino, blógue que consta dos linques do Biruta do Sul, a notícia da prisão perpétua de um ex-comissário de polícia que atuou fortemente durante a repressão argentina entre 1976 e 1983. É a primeira medida do gênero que ocorre na Argentina.

O comentário completo e outras referências sobre esta notícia, podem ser obtidas no Nuestro Vino, clicando aqui.

A dias atrás, Biruta também fez referência à ação judicial impetrada pela família Maria Amélia e César Teles contra o torturador e hoje coronel aposentado do Exército, Carlos Alberto Brilhante Ustra, que durante a ditadura militar no Brasil foi um dos piores algozes dos presos políticos, dos seus familiares e de muitas pessoas inocentes. Foi a primeira ação do gênero no Brasil.

São duas iniciativas - tão somente duas - mas de ressonância exponencial para a preservação da viva memória contra a barbárie, o totalitarismo e a intolerância.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Alerta total: vacinação contra a vilania

A coordenação da campanha Lula emitiu boletim de alerta para as manobras golpistas engendradas principalmente pelo PSDB e PFL. O boletim pode ser lido no saite da campanha [clique].

Jogada ensaiada

O nada-isento presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello, mais esforçado em impugnar Lula do que em conduzir o processo eleitoral com isenção e imparcialidade, segue se superando na modalidade “reacionarismo de toga”.

Comentando sobre o episódio do dossiê, tem emitido juízos de valor que lhe impedem não só de conduzir as investigações acerca do assunto, como de presidir o processo eleitoral brasileiro. Já aventa a cassação do eleito, caso não consiga impugnar a candidatura de Lula.

No outro lado da Praça dos Poderes em Brasília encontra-se o Senador Heráclito Fortes, do PFL-PI, um jogador do mesmo time do presidente do TSE e que vem aprontando das suas. Propõe a criação de uma CPI para investigar o assunto e que seria instalada, entretanto, somente após as eleições.

As medidas desses dois personagens têm um objetivo em comum: azucrinar Lula desde antes mesmo da posse no segundo mandato. Faz parte do jogo de desestabilização e deslegitimação do governo Lula com vistas ao assalto tucano-pefelista ao aparelho de Estado em 2010.

Os gaúchos lembram bem do que são capazes os reacionários e conservadores ao serem democraticamente derrotados. Durante o governo Olívio Dutra, de 1999 a 2002, houve a oposição raivosa capitaneada pelo PMDB que começou imediatamente após as eleições e se desenrolou até o último dia de governo. Para não esquecer: o ex-governador Britto, do PMDB, incendiou o Estado e recusou-se a transmitir o cargo. Em 1º de janeiro de 2003 Olívio Dutra democraticamente transmitiu o cargo ao atual governador, que se elegeu ironicamente com a promessa abstrata de “pacificar o Estado” [sic] – envenenado pelo seu próprio correligionário de então.

Monitorando na UTI

Na noite de hoje, 21/09, foram divulgadas duas novas pesquisas IBOPE e Vox Populi, cujo campo foi colhido no calor inicial do episódio do dossiê. Os resultados indicam a preservação da ampla vantagem de Lula em relação à soma de todos os demais adversários, com o encaminhamento da eleição, por ora, já no primeiro turno.

Nada autoriza, entretanto, conclusões imediatas sobre a extensão e efeitos do episódio do dossiê para a eleição de Lula e dos candidatos do PT nos Estados. Muita água ainda vai passar por debaixo da ponte. E muita baixaria vai circular nos programas eleitorais e através da mídia conservadora.

A campanha, que até então estava modorrenta, ganha nova dinâmica a partir de agora, e cada novo lance passa a ser acompanhado como um médico monitora paciente internado numa UTI: a todo instante constatando todos os sinais vitais.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Brasil ao avesso

Tempos curiosos no Brasil de hoje.

Alguém que chegasse de fora, passasse os olhos nos jornais e noticiários, concluiria que as coisas estão de cabeça para baixo no Brasil.

Vejamos:

- O PSDB e o PFL só têm talibãs e terroristas entre os chefes da malta, mas querem fazer crer que o homem-bomba seja Lula, que só perderia com uma estupidez como a do dossiê.

- Presidente do TSE, de quem se esperaria parcimônia e isenção, atua como acusador com ânsia de impugnar a candidatura de Lula.

- Inventores do Valerioduto, do PCC e das Sanguessugas, o PSDB e PFL aproveitam o embalo da confusão do tal dossiê para enterrar as investigações que ligam a famiglia Vedoin a Serra.

- A direita, no governo, sempre impediu o trabalho sério e isento da Polícia Federal, mas agora que a instituição atua com profissionalismo e independência no governo Lula, atacam-na porque gostariam de obter cenas sensacionalistas para explorarem na televisão.

- A candidata do PSOL, que diz representar uma alternativa de esquerda, vocifera com a mesma estridência que a direita, dizendo coisas como “Não tenho dúvida que o presidente Lula é o grande comandante desta estrutura, que é uma organização criminosa capaz de roubar, matar e liquidar quem passa pela frente ameaçando o seu projeto de poder.”.

terça-feira, 19 de setembro de 2006

A Herança Farroupilha

Por Olívio Dutra, publicado no Correio do Povo de 19 setembro 2006

As gaúchas e os gaúchos têm todo o direito de comemorar com muito orgulho a data de Vinte de Setembro, a nossa Revolução Farroupilha. São raros os acontecimentos que varam o tempo e se projetam para o futuro, criando símbolos permanentes e uma cultura específica. A revolução dos farrapos é um deles. Foi um fato histórico relevante não apenas para o RS, mas - e isso poucos percebem - para o Brasil. Por isso mesmo, quando celebramos mais um aniversário do decênio heróico, devemos, além da festa, justa e necessária, pensar sobre ele, refletir sobre as razões que tornaram a revolução não apenas um acontecimento datado no calendário, mas o fato que desencadeou a descoberta do gaúcho, a sua identidade, o seu jeito de ser.


Pois a Revolução Farroupilha teve um conteúdo profundo e antecipador. Não é por acaso que revolucionários europeus, como os italianos Luigi Rossetti, Tito Lívio Zambeccari e o grande Garibaldi participaram ativamente da Revolução que por dez anos resistiu ao Império. A revolução dos farrapos tinha uma ideologia inovadora que perpassava todos os interesses materiais que a motivaram. Ela estava positivamente influenciada pelas idéias renovadoras que sacudiram a Europa nos séculos XVIII e XIX, estava construída nas pegadas do Iluminismo e erguia bandeiras que só no final do século XIX iriam se tornar realidade no Brasil: a República, que, segundo os ousados revolucionários, era inseparável da liberdade, da igualdade e da humanidade. Foi, portanto, uma revolução liberal e republicana.


Assim, esse legado profundo não pode ser esquecido, não pode ser deixado em segundo plano, mas ser lembrado sempre para não submergirmos na tentação perigosa da mera 'folclorização' da data. Ainda mais que muitos dos aspectos do programa farroupilha continuam extremamente atuais e, principalmente, a idéia de República, que ainda está para ser plenamente realidade em nosso país.


Celebremos mais um aniversário da grande revolução, com alegria e com orgulho, relembrando coletivamente as nossas tradições culturais, os nossos costumes que nos formaram como povo que soube receber e assimilar as outras etnias que aqui aportaram e que também contribuíram para que o RS viesse a se tornar o que hoje é. Mas sem esquecer que o Vinte de Setembro foi fundamentalmente uma corajosa e imorredoura ação política que viria a ter profunda influência no futuro da nação brasileira. E, principalmente, sem olvidarmos o fato de que muito do que sonharam os revolucionários de 1835 ainda está por ser feito.

Uma vela que se apaga

O artigo a seguir, além de ser um belíssimo e indignado libelo contra as expressões de preconceito religioso e ódio racial, também é uma homenagem à ancestralidade farroupilha dos gaúchos, cuja identidade é associada à luta viril porém tolerante, libertária e franca - que não admite simulacros de conservadores que se tornam camaleões em época eleitoral.

UMA VELA QUE SE APAGA

Por Marcel Frison, Membro do Diretório Nacional do PT

A política é uma deusa implacável, e sob sua égide, nós, pobres mortais, estamos irremediavelmente submetidos a expor tudo aquilo que temos de melhor e pior. O que para alguns é a arte da desfaçatez, para mim, é o terreno das revelações.
No recente debate entre os candidatos a governador promovido pela Rede Pampa de TV, a candidata Yeda, diante de uma metáfora do candidato Collares, que caracterizou sua gestão à frente do Ministério do Planejamento como uma “vela que se apaga rapidamente”, perdeu a pose, e desferiu a resposta “tem vela que se acende nas esquinas”, uma alusão nitidamente preconceituosa para com os seguidores das religiões de matriz africana e, também, racista. Para além dos termos literais, ficou a imagem da senhora branca mandando o “negrão” se por no “seu lugar”. Absolutamente inaceitável.
O racismo é, antes de tudo, uma demonstração de covardia. É a tentativa mais torpe de justificar a dominação. A escravidão na América Latina e em outros continentes, dos negros e dos índios tinha como explicação, a simples teoria de que estes não eram humanos, portanto, era razoável tratá-los como animais. Ou seja, coloca-se no subjugado a culpa pela sua condição. A crueldade, a ganância e o atraso civilizatório dos dominadores é explicada pela origem étnica do dominado.
Nos tempos atuais, isto se reflete em múltiplas maneiras. A reação de Yeda é uma delas. Diante do fato de estar sendo “afrontada” por uma verdade que contradiz a sua imagem artificial, ela reagiu utilizando-se de argumentos, digamos, coloniais. A verdade era a lembrança do motivo pelo qual tinha sido demitida do Ministério do Planejamento no Governo Sarney: incompetência.
De forma covarde, Yeda tentou sair da saia justa desmoralizando o seu interlocutor ao explicitar sua raça e suas crenças, e portanto, na sua tortuosa cabeça, o transformando em um ser “inferior” e “incapaz” de julgar. Poderia se defender levantando um conjunto de realizações como Ministra, mas não o fez, talvez pela banal razão, de que não existem.
Collares acertou em cheio e ela encontrou a resposta no fundo da alma. Revelou-se por inteiro. Revelou não só o seu racismo, mas sua incapacidade de sustentar o seu discurso, a não ser pela truculência.
Ela pode querer ser a futura governadora do Rio Grande, porém não me venha com este velho e surrado jeito de fazer política. Este já deveria ter sido sepultado à décadas.
Espero que, como disse o Collares, seja apenas uma vela, rapidamente, se apagando.

Encenação eleitoral

Dalmo Dallari, conhecido jurista e professor da USP, critica o eleitoralismo da tese de impugnação da candidatura de Lula. Também alerta para a postura política do presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello, que se apressa em estabelecer nexos que possam incriminar Lula.
O lacerdismo do PSDB/PFL está mais aceso que nunca.
Leia a entrevista de Dallari a Raphael Prado, no Terra Magazine.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Chuchu no Coração

De César Maia – PFL/RJ, na entrevista de 2ª na Folha de São Paulo [assinantes UOL ou FSP podem ler na íntegra a entrevista]:

O Germano Rigotto me pediu: ‘Telefone para o Alckmin e diz para tirar a Yeda que vou apoiá-lo’.".

Marcha da insensatez

Tudo ia perfeitamente bem.
A campanha re-eleitoral de Lula se encaminhando para a vitória já no primeiro turno, a maioria do povo não se deixando levar pelo lacerdismo da direita, as maracutaias do PSDB e PFL sendo descobertas na CPI e pela Polícia Federal, e indicativos de que a representação parlamentar do PT poderá ser mantida ou mesmo levemente ampliada.

Até que surgem os estúpidos que podem pôr muita coisa a perder.
Parecem ter reencarnado o espírito de alguns do PT que caíram em desgraça e produziram a maior crise da história do PT justamente por terem imitados os métodos tradicionais e abomináveis de ação da direita brasileira.

O PT não combina com isso. Aliás, o PED [processo de eleições diretas] foi um sopro de vitalidade para o reencontro do PT com seus valores fundantes e para seu distanciamento de condutas degenerantes.

A fórmula de sucesso do PT está em si mesmo, não na aproximação com as maneiras e os velhos esquemas de poder da classe dominante brasileira.

O PT precisa mais de si mesmo, de inspiração na sua originalidade formativa, do seu programa atualizado à luz das complexas e desafiadoras tarefas postas no mundo contemporâneo. Em definitivo, não será em “aulas de pós-graduação em sociologia política” com professores como Jader Barbalho que o PT cumprirá esse percurso historicamente exigido.

A belíssima obra A Marcha da Insensatez, da autora Bárbara W. Tuchman [José Olympio Editora], talvez seja melhor fonte para o PT reencontrar inspiração. Dentre outros ensinamentos, o livro disseca a arte de governos aplicarem políticas que contrariam os próprios interesses. Ou dito de forma explícita: como a “insensatez política conduz a resultados contraproducentes”.

PCC e PSDB/PFL: unidos pelo terror

O PCC é outra criação da aliança conservadora PSDB/PFL. Poder-se-ia dizer que é um subproduto da desastrada política penitenciária que desenvolvem a 12 anos em São Paulo.

As identidades entre o PCC e a aliança conservadora vão além do DNA comum. Eles também se identificam no modus operandi, baseado em técnicas de terror. A única diferença, entretanto, é que Marcos Marcola continua preso, enquanto os chefes da outra malta gozam do privilégio da eterna liberdade sem julgamento.

A violência verbal praticada pelos principais líderes do PSDB e PFL não pode mais ser tolerada como simples irresponsabilidade de quem se desespera diante de iminente derrota eleitoral. As manifestações feitas por Alckmin e o vice José Jorge a respeito do episódio do dossiê contra José Serra ultrapassam a arena política e penetram na categoria do crime e do terrorismo. Praticam o terror e o ódio político e incitam à violência.

As acusações de vínculo do PT com o “submundo do crime” e com o PCC não podem ser naturalizadas como parte do debate eleitoral, mas devem ser tratadas com extremo rigor na esfera criminal.

E com urgência, sob pena do Brasil se transformar num entreposto do Afeganistão, proliferando a nova malta de oligarcas talibãs. Combater com muita seriedade este crime é um dever intransferível da direção do Partido dos Trabalhadores em defesa dos quase 1 milhão de filiados e das/dos milhões de brasileiras/os que nele depositam confiança e esperança de um mundo tolerante e justo.

*** ***

O que disseram:

Alckmin: “Quando se vai ao submundo do crime, se encontra alguém do PT.

José Jorge: “De onde será que saiu o dinheiro? Ninguém sabe de onde veio, será que veio do PCC?

domingo, 17 de setembro de 2006

Imprensa inconfiável

Imperdível o artigo do Emir Sader, no Blog DO Emir. Inicia com a seguinte sentença: "Se o povo acreditasse no que a imprensa diz, se tivesse confiança nela, seria Alckmin quem estaria por triunfar no primeiro turno e não Lula.".
Qualquer semelhança com o comportamento da RBS não é mera coincidência, é pura semelhança mesmo.
O artigo pode ser lido no Blog DO Emir.

Ainda sobre a invenção tucana III

Fossem outros os tempos e fossem outras as vítimas do crime de compra/venda de dossiê e de chantagem eleitoral, o desfecho por certo teria sido outro.

Mas no presente caso, prevaleceu o profissionalismo e a independência da Polícia Federal, que numa operação de inteligência monitorava as negociações obscuras e na oportunidade adequada prendeu todas as pessoas envolvidas.

Bobagem a turma do PSDB bradar histericamente tentando vincular o PT com a estultice de um sujeito recentemente filiado ao partido.

Na era tucana, porém, acontecia tudo ao contrário. O PSDB partidarizou o Estado, e instrumentalizava a Polícia Federal para viabilizar seus interesses políticos e eleitorais e, obviamente, proteger-se dos mega-escândalos praticados.

Quem não lembra da operação da PF em março de 2002 com a espionagem na empresa Lunus, que resultou na derrubada da candidatura de Roseana Sarney e na consolidação de José Serra como candidato do PSDB/PFL?

Como esquecer do escândalo da Pasta Rosa, sobre a promiscuidade entre o BC e o Banco Econômico de Calmon de Sá? Naquele caso, contudo, a PF foi corrida da Bahia pelo conhecido coronel e oligarca ACM. Sem se mencionar um sem-fim de outros escândalos abafados pelo tucanato.

Por isso, tão inaceitável quanto o crime de compra/venda de dossiê, é o oportunismo em época eleitoral daqueles que aproveitam a situação para se vitimizarem ao extremo, acusarem genericamente os seus adversários para assim passarem por inocentes.

Ainda sobre a invenção tucana II

O Correio Braziliense da semana passada, e a revista IstoÉ desse final de semana, publicam amplas reportagens sobre a relação entre o esquema de superfaturamento de ambulâncias e o ex-Ministro da Saúde, José Serra.

As matérias se baseiam em fatos que já fazem parte das provas documentais constantes nas investigações, como fotografias e um vídeo de Serra com deputados sanguessugas e a famiglia Vedoin num galpão da empresa Planam, no Estado do Mato Grosso. Aliás, este acervo de provas já circulou pela internet a semanas atrás, e o site Olhar disponibiliza o vídeo para as/os internautas: http://www.olhardireto.com.br/videos/reportagem.wmv.

Na última sexta-feira, Luis Antonio Vedoin e um primo dele foram presos por negociarem a R$ 1,7 milhões a venda dessas provas com pessoas presumivelmente vinculadas ao PT - o advogado Gedimar Pereira Passos e o empreiteiro Valdebran Padilha, filiado ao PT em 2004 e que foi tesoureiro da campanha do partido à prefeitura de Cuiabá.

As suspeitas são de que os materiais seriam comprados para serem utilizados contra as candidaturas de Serra e Alckmin. O difícil é entender se a estupidez e imbecilidade daquelas pessoas que negociaram com os capo da famiglia Vedoin poderia trazer dividendos eleitorais a quem quer que seja.

O Presidente Lula de pronto rechaçou o ocorrido, considerando deplorável a compra de dossiê contra candidatos. Aliás, Lula fala com autoridade de quem foi vítima desses crimes em campanhas eleitorais - o depoimento de Miriam Cordeiro no programa de Collor em 89 é o caso mais emblemático.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, igualmente repudiou o acontecimento, não aceitando denuncismos patrocinados em momentos eleitorais. E o candidato ao governo de SP, Aloízio Mercadante, disse desconhecer as pessoas envolvidas, assim como condenou essas atitudes, que na sua avaliação podem prejudicar sua campanha justamente num momento de crescimento para a ida ao segundo turno contra José Serra.

Ainda sobre a invenção tucana I

Ignorar o fato de que os sanguessugas foram inventados na era tucana de FHC/Serra seria tão absurdo quanto querer revogar a Lei da Gravidade.

Somente em 2001 e 2002, durante a gestão de Serra no Ministério da Saúde, a Planam da famiglia Vedoin firmou 488 convênios com municípios para o fornecimento de ambulâncias superfaturadas.

E ainda foram deixados para Lula 124 convênios no orçamento preparado por FHC para 2003. Já no início do governo Lula, o direcionamento orçamentário para a Planam foi drasticamente reduzido, e em 2004 restaram apenas 6 convênios. Ao todo, foram 618 convênios investigados pela PF e Ministério Público Federal.

Na ponta municipal da máfia, os municípios governados pelo PSDB foram os que realizaram mais convênios superfaturados: 128 do total, seguidos de perto pelos administrados pelo PFL [107] e pelos governados pelo PMDB, que foram 106. Com quantidade menor de prefeituras conveniadas, estão o PTB com 54, o PP com 35 e o PPS e PL com 23.

Ao todo, a base aliada de FHC abocanhou recursos de 476 convênios de 618 firmados. É, portanto, uma clara evidência da gênese da máfia e do beneficiamento de setores partidários vinculados ao PSDB.

Tsunami Rigotto piorou a educação III

Rigotto não só rebaixa o ensino gaúcho no contexto brasileiro, como causa enormes prejuízos à nossa juventude, comprometendo o acesso dos jovens à educação de qualidade, ao conhecimento e a maiores e melhores oportunidades de trabalho e emprego.

No governo Olívio Dutra [1999 a 2002], a rede pública de ensino era considerada a melhor do país. Isto propiciou o reconhecimento da Unesco, que publicou estudo a esse respeito em 2004 tomando como base o ano de 2002 [Entretanto, na propaganda eleitoral na TV, Rigotto utiliza esta informação de forma oportunista, dizendo tratar-se do período do seu governo].

Com Rigotto, a qualidade do ensino público caiu, apresentando aumento de evasão e repetência, principalmente no ensino fundamental, cuja evasão passou de 3,9% em 2003 para 15,4% em 2004!!

É uma grande contradição do governo Rigotto, que criou o programa Primeira Infância Melhor para cuidar de recém nascidos, mas deixa as crianças com péssima infância na idade de ir para a escola.

Tsunami Rigotto piorou a educação II

No que concerne à posição da rede pública de ensino no contexto nacional, o tsunami Rigotto fez o Rio Grande perder posições. No desempenho no final do ensino fundamental [8ª série], o Estado passou de campeão a sexto lugar, conforme demonstrado no levantamento do MEC-INEP a seguir:

Posição do RS no Brasil
Escolas Públicas estaduais e municipais
SAEB 2001 / 2003 Ajustado e Prova Brasil 2005

Séries

Disciplinas

2001

2003

2005

s séries

Português

Matemática

s séries

Português

Matemática

Fonte: MEC-INEP

Esclarecimentos sobre os quadros desta e da postagem anterior:

- SAEB [SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA]: efetivado desde 1990, é uma pesquisa por amostragem realizada através de um exame bienal de proficiência em Matemática e Língua Portuguesa [leitura], aplicado a alunos de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e de 3ª série do Ensino Médio.

- PROVA BRASIL [AVALIAÇÃO NACIONAL DO RENDIMENTO ESCOLAR – ANRESC]: realizada pela primeira vez em novembro de 1995, é uma pesquisa realizada através de um exame de proficiência em Matemática e Língua Portuguesa [leitura], aplicada a todos os estudantes de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental.

Tsunami Rigotto piorou a educação 1

Não é só na economia que o governo Rigotto é um desastre. Também nas áreas sociais os graves efeitos do tsunami Rigotto são muito notados.

A falta de aplicação de recursos de acordo com o que manda a constituição, a desvalorização do funcionalismo e a substituição de programas criados no governo Olívio por projetos fracassados, vêm piorando a qualidade dos serviços públicos e dos indicadores sociais.

É o caso, por exemplo, da rede pública de ensino do Rio Grande do Sul, que sempre teve destaque no país e que foi considerada, por muito tempo, a de melhor qualidade no ranking nacional. Mas, no governo Rigotto, a qualidade do ensino caiu e muito, principalmente quando avaliado em relação às oitavas séries de estudo [última etapa do ensino fundamental], conforme exposto no quadro abaixo:

Médias de Desempenho das Escolas Estaduais RS
[SAEB 2003 Ajustado e Prova Brasil 2005]

Séries

Disciplinas

2003

2005

Variação em pontos

s séries

Português

184,84

181,5

-3,34

Matemática

193,95

188,5

-5,45

s séries

Português

245,58

229,1

-16,48

Matemática

260,74

247,7

-13,04

Fonte: MEC-INEP